Presidente contraria Maia e mantém o líder do governo
Temer decidiu manter o deputado André Moura (PSC-SE) como seu interlocutor na Câmara dos Deputados
Rodrigo Maia (DEM-RJ) havia negociado a condução de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) para a vaga
O presidente Michel Temer decidiu que não vai mexer por enquanto na liderança do governo na Câmara, mantendo no cargo o deputado André Moura (PSC-SE).
Com a medida, que já vinha sendo discutida nos bastidores desde a semana passada, Temer pretende fazer um aceno ao chamado centrão, articulado pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e permitir que o grupo tenha interlocução com o governo sem a intermediação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), contrário à manutenção de Moura no posto.
Maia havia negociado a condução de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) para o lugar de Moura em troca de apoio para sua reeleição, no início de fevereiro, e fez chegar a Temer que a manutenção do atual líder não o agradaria.
Segundo auxiliares do presidente, porém, o peemedebista quer mostrar que Maia “não pode tudo” e que é preciso reorganizar a base aliada, rachada desde a eleição para a presidência.
Integrantes do núcleo do governo, porém, ponderam que a manutenção de Moura se deu apenas porque Temer ainda não decidiu por outro nome e que o cenário pode mudar após o feriado de Carnaval, quando as votações recomeçam no Congresso.
Esses auxiliares dizem, inclusive, que a liderança do governo poderia ficar com o PMDB, partido do presidente que tem reivindicado mais espaço e poder na gestão.
Outro grupo de aliados diz que Maia já foi contemplado com a eleição para a chefia da Casa —que contou com o apoio velado do Planalto— e, agora, é preciso acenar para o centrão —bloco informal de partidos médios.
Apesar de integrarem a base governista, Maia e Moura se distanciaram.
Os dois eram aliados próximos a Eduardo Cunha durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Após o afastamento da petista, porém, houve um rompimento quando ambos disputaram a liderança do governo na Câmara.
Com o apoio de Cunha, Moura ganhou o posto, o que levou Maia a se distanciar dos dois e, em julho de 2016, conseguir derrotar o próprio Cunha e o centrão e se eleger presidente da Câmara.
Nos seis meses em que cumpriu o mandato-tampão, Maia se desentendeu várias vezes com o líder do governo. PMDB Pelo menos por enquanto, Temer também desistiu de recriar o posto de líder da maioria na Câmara.
A proposta havia ganhado força depois que os peemedebistas ficaram insatisfeitos com a nomeação de um tucano, o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), para a Secretaria de Governo, que antes era chefiada por Geddel Vieira Lima (PMDB).
Agora, dizem assessores, Temer tentará aplacar o descontentamento dos deputados do PMDB com outras posições no governo.
Eles reivindicam, principalmente, secretarias e diretorias no Ministério das Cidades, sob o comando do tucano Bruno Araújo.