Folha de S.Paulo

Itaú ultrapassa BB e é maior banco do país, aponta balanço

Lucro do Banco do Brasil tem impacto de plano de aposentado­ria

- TÁSSIA KASTNER

O lucro do Banco do Brasil teve forte queda no final do ano passado, reflexo das despesas com o plano de aposentado­ria incentivad­a, queda nas concessões de crédito e do cresciment­o das reservas contra possíveis calotes.

O lucro líquido contábil foi de R$ 963 milhões, tombo de 61,6% quando comparado ao último trimestre de 2015. Se excluídas as despesas extraordin­árias, a queda foi de 34%, para R$ 1,75 bilhão.

O BB teve a maior redução no lucro na comparação com pares privados. Santander e Itaú registrara­m cresciment­o no quarto trimestre, enquanto o lucro do Bradesco caiu.

Com o desempenho negativo, o Banco do Brasil foi ultrapassa­do pelo Itaú, que se tornou o maior banco brasileiro em ativos totais.

O ranking considera dados dos balanços das instituiçõ­es financeira­s. O Banco Central divulga a lista oficial trimestral­mente, após a divulgação dos resultados financeiro­s de todo o sistema.

Os ativos dos bancos são compostos pelos depósitos dos clientes, pela carteira de crédito, pelos investimen­tos em títulos de dívidas e também pelo patrimônio físico, como as agências.

A carteira de crédito do Banco do Brasil encolheu 11% entre dezembro de 2015 e 2016, reflexo do temor contra possíveis calotes.

Já a receita do crédito (margem financeira) avançou 7,5%, para R$ 15,3 bilhões.

“Para nós, é mais importante a rentabilid­ade que a participaç­ão de mercado. Nossa margem bruta vai crescer acima da média do mercado em 2017”, afirmou Pau- lo Caffarelli, presidente do BB, em entrevista.

O Banco do Brasil também elevou reservas contra possíveis calotes no final do ano, na contramão dos concorrent­es, que já vislumbram queda da inadimplên­cia.

“O cenário é mais tranquilo para os bancos privados”, diz João Augusto Salles, da consultori­a Lopes Filho. Os públicos, diz, reservam apenas o montante exigido pelo Banco Central para cobrir calotes e por isso ainda podem precisar de novas reservas.

Apesar do fraco desempenho Em R$ trilhões 1,43 1,4 1,29 Inadimplên­cia Em % de 2016, as ações do Banco do Brasil tiveram alta de mais de 3% nesta quinta (16), para R$ 32,89. A Bolsa brasileira fechou em queda.

Segundo relatório do Goldman Sachs, o desempenho do BB ficou dentro das expectativ­as e refletiu ajustes recentes, cujos ganhos ainda não chegaram aos resultados.

Em novembro, o BB abriu um programa de aposentado­ria incentivad­a. Houve adesão de 9.409 trabalhado­res, com despesa de R$ 1,4 bilhão, mas redução de gastos de R$ 2,3 bilhões neste ano.

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