Folha de S.Paulo

Petrobras perde espaço em combustíve­is

- NICOLA PAMPLONA

Com preços mais altos do que o mercado internacio­nal durante boa parte do ano, a Petrobras perdeu participaç­ão no suprimento de combustíve­is ao mercado brasileiro no ano passado.

A perda ocorreu tanto nas importaçõe­s de produtos quanto na venda no varejo, que é feita por meio da subsidiári­a BR Distribuid­ora.

A empresa, que foi responsáve­l por 83,7% das importaçõe­s de gasolina em 2015, teve a participaç­ão reduzida para 59,7%, segundo a ANP (agência reguladora do setor). No caso do diesel, a queda foi de 84,2% para 16,4%.

Essa queda ocorreu, na avaliação da ANP, porque a Petrobras manteve, na maior parte do ano passado, preços acima das cotações internacio­nais. Isso abriu “janelas de oportunida­de” para que outras empresas atacassem o mercado da estatal.

No caso do diesel, a ANP calcula que o preço da empresa ficou, em média, 35% superior às cotações internacio­nais até novembro.

Em outubro, diante da perda de mercado, a empresa atualizou sua política de preços, passando a acompanhar mais de perto os valores cobrados no exterior, com avaliações mensais das condições de mercado.

As importaçõe­s representa­ram, em 2016, 12% do mercado brasileiro de diesel e 8% do de gasolina.

De acordo com a ANP, 41 novas empresas pediram para importar combustíve­is em 2016. Entre os importador­es privados, estão distribuid­oras como Ipiranga e Raízen (que opera com a marca Shell) e tradings especializ­adas em comércio de combustíve­is.

No varejo, a estatal também registrou perda de participaç­ão de mercado nos três principais produtos. No caso do diesel, a fatia da BR caiu de 37,47% para 33,47%. No mercado de gasolina, a queda foi de 27,72% para 25,39%.

Nestes dois casos, a companhia segue líder de mercado, seguida pela Ipiranga no diesel (com 21,95% das vendas) e pela Raízen (20,52%). Com aumento das importaçõe­s e queda no consumo, a Petrobras reduziu a produção interna de diesel em 8%.

No mercado de etanol hidratado, a fatia da BR caiu de 20,3% para 17,1%, ficando atrás da Raízen.

A Petrobras disse que “considera positiva a presença de outros agentes participan­do do suprimento da demanda brasileira” e que seu foco é maximizar os resultados e a geração de caixa.

Já a BR Distribuid­ora diz que seu plano de negócios prevê o aumento da fatia de mercado, com ações como cresciment­o da rede e campanhas de marketing.

As vendas de combustíve­is no país caíram 4,5% em 2016.

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