Instituto em Cambridge ganha patentes de edição de genes
Universidade da Califórnia estuda apelação ou possíveis brechas
O Instituto Broad em Cambridge ficará com os potenciais direitos lucrativos de uma técnica de edição de genes que pode levar a grandes avanços na medicina e na agricultura, segundo decisão do órgão federal americano Patent and Trademark Office desta quarta (15).
A decisão, tomada em meio a uma disputa feroz, assistida de perto por cientistas e pela indústria de biotecnologia, significou um duro golpe para a Universidade da Califórnia. A instituição é comumente considerada o local de nascimento da técnica conhecida como Crispr-Cas9.
O tribunal de patentes afirmou que as invenções, reivindicadas pelas duas instituições, relacionadas a edição de genes eram diferentes e não se sobrepunham.
Com isso, o Instituto Broad, um centro de pesquisa afiliado ao MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e a Harvard, passa a ter domínio sobre mais de uma dúzia de patentes utilizadas na técnica de Crispr, destinada à modificação do DNA em células humanas, animais e de plantas.
Em nota, o Instituto Broad afirmou que concorda com a decisão. Enquanto isso, membros da Universidade da Califórnia já comentam sobre a possibilidade de um pedido de apelação. Contudo, eles também dizem acreditar que a decisão deixou uma brecha para que a universidade obtenha patentes próprias que poderiam ser utilizadas para realização do Crispr.
“Eles patentearam as bolas de tênis esverdeadas. Nós vamos patentear todas as bolas”, disse Jeniffer Doudna, professora da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
Ela tem sido extensamente creditada como uma das inventoras da técnica.
Em resumo, empresas que quiserem usar a Crispr na medicina, agricultura ou outros campos precisarão de licenças tanto do Instituto Broad quanto da Universidade da Califórnia, afirmou um advogado da universidade.
Se a Crispr sobreviver à expectativa, a técnica poderá render centenas de milhões de dólares. Por outro lado, terapias gênicas e métodos de interferência em RNA, também descritos como grandes promessas, resultaram em nada ou quase nada no campo de tratamentos médicos.