Folha de S.Paulo

Cortes renderam protesto nas ruas em 2014

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O esporte de São Caetano do Sul, cidade da Grande São Paulo que se converteu nas últimas décadas em um celeiro de medalhista­s olímpicos, está em alerta.

Centenas de atletas, como o ginasta Arthur Zanetti e o lutador Maicon Andrade, medalhista­s nos Jogos Olímpicos do Rio, não receberam a a totalidade da última parcela da bolsa a que tinham direito, referente a 2016.

A secretaria de esportes e turismo havia prometido quitar o débito ainda nessa semana, mas depositou apenas metade do valor da parcela.

A situação se agrava pelo fato de, já em meados de fevereiro, nem os competidor­es nem os principais clubes e associaçõe­s esportivas da cidade —que têm times de handebol, vôlei, ginástica, judô e taekwondo, entre outras modalidade­s— foram chamados à mesa para negociar a renovação do apoio para 2017.

O hábito que perdurava era que os chamamento­s públicos para extensão do vínculo ocorressem já no trimestre anterior ao novo exercício.

A Folha apurou que nesta semana a diretoria esportiva da BM&F, maior clube de atletismo do país, foi avisada de que seu contrato com São Caetano pode não ser mantido.

A BM&F recebe dinheiro da prefeitura local, que a patrocina, e está baseada na cidade desde 2011. O clube representa a cidade em competiçõe­s nacionais há mais de dez

DE SÃO PAULO

São Caetano teve duas grandes crises nesta década. Em janeiro de 2011, a prefeitura da cidade dispensou 720 de 986 atletas que defendiam o município.

Entre os cortados estavam os judocas Edinanci Silva e Carlos Honorato —medalhista de prata nos Jogos de Sydney-2000— e o lutador de taekwondo Diogo Silva. anos e em 2012 inaugurou a primeira pista indoor do país. No centro de treinament­o da equipe também funciona um projeto comunitári­o e outro de formação de atletas.

Caso realmente aconteça a cisão, o município teria de pagar multa superior a R$ 20 milhões ao clube.

A indefiniçã­o também afeta equipes de esportes coletivos Na época, o município alegou corte de verbas e disse que se tratava de um ajuste temporário.

Em 2014, um protesto contra o então secretário de esporte Éder Xavier, que queria fazer um corte de R$ 1 milhão na pasta, envolveu passeata pelas ruas da cidade movida por atletas, técnicos e dirigentes. Xavier, pressionad­o, pediu então exoneração do cargo.

A gestão que assumiu em 2017, sob comando de Beto Vidoski, já chegou a afirmar que sua prioridade será as categorias de base e não mais o alto rendimento. vinculadas a clubes —os mais tradiciona­is são SERC São Caetano (ginásticas e natação) e Associação Atlética São Caetano (handebol, vôlei e taekwondo).

As equipes de handebol, relevantes no cenário nacional, correram risco de serem extintas, mas tiveram sua manutenção garantida pelo vice-prefeito e secretário de esportes e turismo, Beto Vidoski (PSDB), na última semana.

Ainda assim, o aporte na modalidade será reduzido.

No caso do vôlei, a cidade tem um time que disputa a Superliga feminina. Como o registro perante a CBV (Confederaç­ão Brasileira de Vôlei) para disputar o torneio pertence ao clube, em caso de fim de convênio, São Caetano poderia ficar sem equipe no principal torneio nacional.

Em sua defesa, a prefeitura argumenta que houve um congelamen­to de R$ 205 milhões em seu orçamento.

O esporte foi um dos setores que mais sofreram. Segundo a pasta, houve um corte total de 34% na sua verba em relação a 2016. Isso representa R$ 11,3 milhões.

Em 2014, por exemplo, a cidade deu aproximada­mente

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