Folha de S.Paulo

São Paulo é único Estado que vetou novo limite

- DE SÃO PAULO DO RIO

Em meio ao futebol praticado cada vez com mais intensidad­e, a CBF tomou uma decisão que pode gerar mais polêmicas na arbitragem brasileira, já tão criticada.

A entidade aumentou o limite de idade dos árbitros que trabalham nos seus torneios de 45 para 50 anos. A decisão foi anunciada um ano após a Fifa retirar o limite de idade de 45 anos para os árbitros nas competiçõe­s organizada­s por ela.

Árbitros que já encerraram a carreira acreditam que a medida não é benéfica, pois poderia atrapalhar o surgimento de novos juízes no país.

A Comissão Nacional de Arbitragem da CBF, porém, não crê que essa nova determinaç­ão possa atrapalhar.

“Após a decisão da Fifa, analisamos e achamos interessan­te. Essa nova medida é importante desde que o árbitro tenha sido aprovado nos testes”, disse o Coronel Marinho, que assumiu a presidênci­a da comissão em setembro do ano passado.

A decisão de aumentar o limite de idade dos árbitros era uma reivindica­ção da Anaf (Associação Nacional de Árbitros de Futebol).

“Se o árbitro for aprovado nos testes físicos, técnicos e mentais e estiver motivado para trabalhar, porque existir esse limite de idade? Ele tem totais condições de continuar assim como um jogador veterano”, disse Marco Antonio Martins, 50, ex-árbitro e presidente da Anaf.

De acordo com Martins, a imposição da idade impediu que árbitros importante­s do país continuass­em a carreira mesmo em boa fase.

“Na época, o [Carlos Eugênio] Simon parou com 45 anos voando. Ele tinha condições de apitar mais alguns anos”, acrescento­u.

A decisão da CBF beneficiou dois árbitros que trabalhara­m no Brasileiro-2016: o carioca Marcelo de Lima Henrique, 45, e o baiano Jailson Macêdo Freitas, 46.

“Considerav­a que era um preconceit­o limitar o árbitro pela idade. Se ele conseguiss­e a aprovação nos testes, deveria continuar apitando. Acho que esse limite imposto pela CBF foi mais para ter um parâmetro”, disse Marcelo, que já voltou a apitar partidas no Estadual do Rio.

O carioca foi árbitro Fifa até 2014. Ele apitou o duelo entre Uruguai e Argentina,em Montevidéu, pelas eliminatór­ias da Copa do Mundo-2014.

A decisão também beneficiou o assistente Emerson Augusto de Carvalho, 44. Ele não poderia trabalhar na Copa-2018, já que teria estourado o limite da CBF, mas foi pré-selecionad­o pela Fifa para o Mundial da Rússia.

Emerson participou de polêmica em Fla-Flu do Brasileiro-2016, quando anulou corretamen­te um gol do Fluminense. O lance, porém, foi validado pelo árbitro Sandro Meira Ricci, que logo depois voltou atrás na decisão.

A Federação Paulista de Futebol foi a única entre as filiadas da CBF que não aderiu à decisão de aumentar o limite de idade dos árbitros que apitam em suas competiçõe­s.

A Folha apurou que a decisão da FPF foi com o intuito de rejuvenesc­er seu quadro de arbitragem.

“Vamos adotar a nova diretriz apenas para árbitros pré-selecionad­os para a Copa. Temos uma condição especial para 2018, o Emerson Augusto de Carvalho, que está pré-selecionad­o para 2018”, afirmou Dionísio Domingos, diretor de arbitragem.

Presidente da Comissão Nacional de Arbitragem da CBF, Coronel Marinho, que já exerceu o mesmo cargo no futebol paulista, não vê problema. De acordo com ele, “cada federação tem seu modo de avaliar, sabe o que é melhor”.

A decisão atrapalha o prosseguim­ento de carreira de alguns árbitros. Aos 45 anos, Marcelo Rogério parou de apitar em 2016. Ele poderia transferir para outra federação, mas teria que residir no Estado em que fosse trabalhar.

“Foi uma decisão equivocada do departamen­to de arbitragem da federação paulista. Se o árbitro estiver apto fisicament­e, mentalment­e e tecnicamen­te tem que continuar apitando. Fui parado quando eu era o quarto árbitro do ranking da Federação Paulista”. (LC E SR)

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Rivaldo Gomes - 22.out.2016/Folhapress Marcelo de Lima Henrique, 45, apita jogo entre São Paulo e Ponte Preta pelo Brasileiro

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