Repórter destaca investigação independente
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Autor do texto vencedor do Prêmio Folha de 2016, Flávio Ferreira, 44, diz que seu objetivo era fazer uma reportagem extensa sobre a Lava Jato que fosse autônoma —isto é, não dependesse de delações ou vazamentos da Polícia Federal, Ministério Público ou Judiciário.
Ferreira decidiu investigar informações que obteve de que empreiteiras envolvidas na Lava Jato haviam concedido vantagens indevidas a Lula e passou a fazer apurações de campo semanais em Atibaia, cidade a 60 km de SP onde fica o sítio utilizado pelo ex-presidente.
“O principal método foi falar com pessoas nas proximidades do sítio: comerciantes, moradores”, diz o repórter. “Mas nenhuma testemunha aceitava falar em ‘on’ [ou seja, identificando-se] para a reportagem.”
Só depois de cinco meses a dona de uma loja que forneceu materiais para a reforma no sítio decidiu dar um depoimento publicável, seguida por um marceneiro que trabalhou na obra.
Segundo Ferreira, seu foco está em fazer apurações aprofundadas e independentes. “Penso que é assim que o jornalismo pode dar contribuições às investigações e obter critérios para avaliar o trabalho das autoridades.”
Formado em direito pela USP e jornalismo pela PUCSP, o repórter está na Folha desde 2008. É criador e instrutor de cursos promovidos pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.