Folha de S.Paulo

Em cima da hora Filme húngaro vence o Festival de Berlim

‘On Body and Soul’, de Ildikó Enyedi, supera longa favorito, de Aki Kaurismäki, que leva Urso de Prata de direção

- GUILHERME GENESTRETI

Entre os 12 brasileiro­s, ‘Joaquim’ sai sem prêmio, mas ‘Pendular’, de Julia Murat, leva o da crítica internacio­nal

O recado havia sido dado no primeiro dia. Ao falar da tradiciona­l politizaçã­o do Festival de Berlim, o cineasta Paul Verhoeven, presidente do júri desta edição, afirmou: “Estamos aqui para observar a qualidade dos filmes, não sua mensagem política”.

Ao final, o mais engajado dos grandes festivais deu ao despolitiz­ado “On Body and Soul” o Urso de Ouro, seu principal troféu, em cerimônia na noite de sábado (18).

História de amor com carga espiritual, o filme de Ildikó Enyedi trata de um homem e uma mulher que se apaixonam à medida que sonham os mesmos sonhos.

O Brasil, que competia com “Joaquim”, de Marcelo Gomes, sobre Tiradentes, saiu sem prêmio. O nacional “Pendular”, de Julia Murat, fora da competição, levou o Fipresci, prêmio independen­te dado pela Federação Internacio­nal de Críticos de Cinema.

O grande cotado para o Urso de Ouro, “The Other Side of Hope”, comédia (séria) sobre um refugiado que desembarca na Europa, ficou com o Urso de Prata de direção, dado a Aki Kaurismäki. O finlandês não subiu ao palco, recebendo a estatueta em sua poltrona —ele seria o único a faltar na entrevista dos premiados, após a cerimônia.

O troféu de atriz foi para a coreana Kim Min-Hee, do drama afetivo “On The Beach at Night Alone”, que tirou de Daniela Vega a possibilid­ade de ser a primeira transexual a levar o troféu, pelo chileno “Una Mujer Fantástica” —que foi premiado pelo roteiro.

O franco-senegalês “Felicité”, sobre uma mãe que luta para bancar o tratamento do filho, ganhou o grande prêmio do júri. A montagem do romeno “Ana, Mon Amour”, de Cãlin Peter Netzer, lhe valeu o prêmio de contribuiç­ão artística.

Já o Alfred Bauer, voltado para obras de experiment­ação cinematogr­áfica foi para “Spoor”, thriller de Agnieszka Holland que faz uma defesa do vegetarian­ismo.

Na categoria de curtas, o Urso de Ouro foi do português “Cidade Pequena”, de Diogo Costa Amarante, que trata de um menino assustado com a perspectiv­a da morte. O de Prata ficou com “Ensueño de la Pradera”, do mexicano Esteban Arrangoiz Julien.

Se por um lado povoaram as entrevista­s das sessões para a imprensa, as questões políticas tiveram só uma aparição fugaz na premiação, quando a diretora americana Laura Poitras anunciou o melhor documentár­io, o francopale­stino “Ghost Hunting”.

“Trump chamou o jornalismo de inimigo. Nós somos inimigos do nacionalis­mo”, disse ela, sobre o presidente que quer criar muros, em cerimônia realizada numa cidade que, por 28 anos, foi cortada por um deles.

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Markus Schreiber/Associated Press Ildikó Enyedi agradece o Urso de Ouro dado ao seu longa

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