CARNAVAL Pré-Carnaval de SP tem foliões engajados e dispersão caótica
DE SÃO PAULO
O calor escaldante na manhã deste sábado (18) em São Paulo anunciava um dia perfeito para o pré-Carnaval de rua na cidade. Mais fantasiados que em outros anos —sinal de engajamento em um Carnaval que explodiu neste ano—, foliões aproveitaram blocos espalhados principalmente nas regiões de Pinheiros (zona oeste) e central.
À noite, no entanto, a estratégia da gestão João Doria (PSDB) de direcionar a dispersão da zona oeste para o largo da Batata fez do ponto um lixão a céu aberto, com sujeira espalhada pela rua, estações de metrô temporariamente interditadas, relatos de furtos, foliões embriagados e carros desorientados.
São 391 blocos com desfiles marcados durante o pré, o Carnaval e o pós-Carnaval em São Paulo, número 28% maior que o do ano anterior.
Com o tempo seco e termômetros marcando 36°C, em alguns pontos da cidade, foliões optaram por usar poucas peças de roupas, mas muitos se produziram mesmo assim. No bloco Casa Comigo, na zona oeste, o véu de noiva era peça-chave até entre homens. Entre os jovens se viam fantasias de superheróis, chifres coloridos e asas de anjo e borboleta.
O bloco se encontrou com o Ritaleena, que homenageia a cantora Rita Lee, com foliões de peruca vermelha.
No centro, paulistanos se dividiram entre o bloco Soviético —onde despontaram gritos de “fora, Temer” e “fora, Doria”—, o bloco Desculpe Qualquer Coisa, de mulheres lésbicas, e o Sereianos.
Vestido de cinza, um folião no bloco Soviético levava uma tiara com uma placa escrita “Muro de Doria”, fazendo referência à polêmica entre o prefeito e pichadores.
O grande número de banheiros químicos não impediu que foliões urinassem bem ao lado dessas estruturas. DISPERSÃO Com 170 desfiles entre sábado e domingo, o pré-Carnaval era o teste da nova estratégia da gestão Doria, que restringiu mais a circulação de blocos por ruas na região de Pinheiros, deslocou grandes desfiles dali e proibiu a concentração e dispersão na praça Roosevelt.
Para atrair foliões para o largo da Batata, deslocando a dispersão da Vila Madalena para essa área mais extensa e com mais pontos de saída, a prefeitura instalou um palco com shows no local até as 23h. Ali também há uma roda-gigante de uma das patrocinadoras do Carnaval.
O ponto, porém, abraçou o caos tão conhecido à Vila Madalena. Muito lixo no chão, estação de metrô interditada e relatos de furtos compunham o cenário da noite do sábado (18), antes das 23h, horário em que os shows se encerrariam.
A aposentada Ilma Oliveira, 62, do lado de dentro da estação Faria Lima fechada, contava ter desistido de sair dali. “Não vou nem sair, vou voltar”, lamentava ela, que ia a Pinheiros para compromissos sem ligação com o Carnaval.
No meio da multidão que bebia e jogava garrafas de vidro no chão, carros tentavam passar, sem sucesso.
A proibição de dispersão na praça Roosevelt não impediu que foliões se reunissem ali após os blocos. Tampouco o término dos desfiles na Vila Madalena impeliu frequentadores a deixarem a região. OUTRO LADO O prefeito regional de Pinheiros, Paulo Mathias, diz que “desde o início o processo de limpeza no largo da Batata estava marcado para meia-noite”. “Passaram por ali mais de 700 mil pessoas, segundo a PM, é óbvio que vamos ter sujeira”, diz. “Está tudo muito bem pensado e organizado nesse sentido.”
A ViaQuatro, empresa que opera a linha 4-Amarela, diz que não houve interrupção do funcionamento da linha, mas as estações Fradique Coutinho e Faria Lima tiveram que ter acessos fechados para controlar o fluxo de passageiros.