Um dos primeiros presos da ditadura militar
Era manhã de 30 de março de 1964 e José Villani Côrtes estava em uma cooperativa de Juiz de Fora (MG) da qual era presidente quando foi jogado dentro de um carro de polícia “como um bicho”, relatou meio século depois à Comissão da Verdade do município.
No dia seguinte, tropas do general Olímpio Mourão Filho saíram da cidade mineira em direção ao Rio de Janeiro, dando início ao golpe que instaurou a ditadura militar.
“Acredito que eu tenha sido o primeiro preso da revolução do Brasil inteiro”, disse Villani, à época da repressão também presidente do sindicato dos bancários da cidade e pai de quatro crianças.
“Quando eu cheguei preso lá na delegacia de Juiz de Fora, tinha ninguém preso lá, só tinha eu, e lá eu fiquei”, contou o sindicalista, conhecido pelas greves que organizava —“o meu movimento aqui era o mais corajoso”, relatou, sobre a atividade política antes da prisão.
Foram nove meses de tortura psicológica e agressões físicas, circulando por diferentes presídios de Minas.
Ao deixar a prisão, foi transferido para uma agência bancária em Maracaju (MS). Quando ia visitar a família na cidade mineira fazia trajetos diferentes para evitar ser seguido, relatou à comissão.
Manteve por anos uma mala pronta no escritório de seu advogado no Rio de Janeiro, caso precisasse sair do país.
“Psicologicamente, acredito que qualquer pessoa ficaria abalada depois de passar por torturas. Mas nunca vi uma pessoa com tamanha racionalidade para encarar os fatos da vida”, diz Victor, seu filho.
Anistiado em 1979 e aposentado na década seguinte, trabalhou até o último dia 8, aos 88 anos, como presidente do sindicato local de aposentados dos Banco do Brasil.
Morreu em Juiz de Fora, no dia 13, vítima de uma pneumonia. Deixa a mulher, cinco filhos, netos e bisnetos. coluna.obituario@grupofolha.com.br
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