Músicos driblam seguranças para fazer show em trens de SP
FOLHA
Com voz, violino e bandolim, músicos driblam seguranças e se apresentam dentro de trens do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
A prática é proibida dentro dos vagões, e só acontece nas estações em eventos autorizados pelas companhias.
“No Metrô nós somos convidados a sair, mas na CPTM os agentes pegam os instrumentos”, conta Pablo Nomás, da banda Teko Porã.
Ao entrar no vagão, os músicos penduram uma bolsa numa das barras fixas no teto e logo começam a tocar. Durante a performance, passageiros se levantam e contribuem com notas e moedas.
Todos os membros da Teko Porã vivem da música e dizem que grande parte da renda da banda vem das apresentações sobre os trilhos. Eles já foram convidados para fazer um show num festival nas estações da linha 4-amarela e pretendem lançar um álbum.
Já o pernambucano Lucas Cyrne saiu do Recife após terminar o ensino médio. Após passar pelo Rio, foi para SP, onde ficou um período em escolas ocupadas por estudantes. Faz covers de Bob Dylan e mostra composições próprias nos trens. Divide apartamento com outros músicos que tocam para passageiros.
O jovem é visto com frequência nas estações Chácara Klabin e Vila Prudente (linha 2-verde) dedilhando seu violão. Opta pelos vagões nas extremidades, onde acredita haver menos seguranças.
“No Metrô eu consigo viver bem, mas não com muita grana. Quero tocar na av. Paulista em um futuro próximo, por lá há um retorno maior.”
Na linha 3-vermelha, os passageiros que trafegam entre as estações Carrão e Patriarca podem encontrar os músicos da banda Vertical Jungle, que se apresenta desde 2015 e já gravou dois clipes.
Já os músicos Juliana de Deus e Henrique Mendonça fazem parte do grupo Cabaré Três Vinténs, que criou o projeto “Vagão do Jazz”.
“O ritmo [jazz] surgiu na rua e foi se elitizando. Estamos trazendo o jazz de volta ao espaço público”, afirma Juliana. “Certa vez, um dos seguranças se irritou conosco, porque sempre lidamos com a situação com bom humor. Ele achou que estávamos zombando dele”, conta. AUTORIZAÇÃO O Metrô diz que incentiva a liberdade de expressão e que “espaços para as apresentações gratuitas são cedidos sem custo, mediante cadastro e autorização prévia.”
Já a CPTM informa que é proibido ligar aparelhos sonoros ou tocar instrumentos musicais que “causem incômodo ou desconforto aos demais usuários”. A companhia diz manter programação cultural com data e local agendados. A Via Quatro, responsável pela linha amarela, afirma que realiza projetos com a Associação Paulista Amigos da Arte e que promoveu 43 eventos nos últimos anos.