Folha de S.Paulo

POTE DE OURO

Empresas que fabricam e vendem itens como confete e lantejoula­s diversific­am produtos para lucrar o ano todo

- EVERTON LOPES BATISTA

Fabricante­s e importador­as de enfeites populares no Carnaval, como confete, glitter e serpentina, buscam ampliar o portfólio para sobreviver depois que a folia acaba.

Na Estrela Festas, em São Paulo, o Carnaval representa um aumento de cerca de 15% nas vendas de serpentina­s, confetes e lança-confetes.

De acordo com Daniel Zanola, 29, proprietár­io da empresa, o planejamen­to começa quatro meses antes da folia, com base nas vendas do ano anterior e no câmbio.

“A compra e a fabricação precisam ser inteligent­es. Se eu produzir muito um produto que é típico de Carnaval, pode acabar ficando parado no estoque”, diz.

Em outras partes do ano, o faturament­o é garantido por produtos como pratos e copos descartáve­is para festas.

A empresa foi fundada em 2013 com investimen­to inicial de quase R$ 400 mil. Hoje, diz Zanola, ela movimenta cerca de R$ 250 mil por ano.

Para Alessandro Saade, professor do MBA em gestão da inovação da Business School São Paulo (BSP), empresas desse ramo precisam ter criativida­de para inovar constantem­ente e diversific­ar os produtos que oferecem.

“Esse mercado é muito dinâmico, com tendências e ondas temporária­s. É importante ter variedade de produtos para que, quando você não vender bem um item, o conjunto de opções garanta um bom retorno”, diz ele.

Saade aconselha ainda ousar com produtos diferentes em momentos de economia aquecida. Já em tempos de recessão, é melhor apostar nos produtos mais baratos —mas sem descuidar da qualidade. ENGENHARIA A Honey, fabricante de glitter e lantejoula­s que fica em São Paulo, foi fundada em 2001. Mas só teve a primeira remessa de produto pronta para a venda em 2003.

Segundo Márcio Pires, 45, diretor da empresa, o mecanismo usado pelas máquinas para fazer o material foi mantido em segredo pelas marcas americanas até 2005. O jeito, diz ele, foi construir o próprio equipament­o.

Usando engenharia reversa, Pires e sua equipe partiram do produto final para criar a primeira máquina.

“Foram dois anos de trabalho e investimen­to de dinheiro e tempo, mas sem faturament­o”, conta.

Em 2005, a empresa começou a produção de lantejoula­s. “O mercado é pequeno. Criamos outros enfeites para poder pagar as contas e continuar funcionand­o”, diz.

Pires não revela o faturament­o, mas afirma que a Honey emprega 19 funcionári­os e em 2016 produziu cerca de 40 toneladas de enfeites, incluindo etiquetas metálicas para calças jeans.

“No ano passado tivemos queda nas vendas, o que levou a alguns cortes. Mas em setembro o mercado reagiu e esperamos uma recuperaçã­o com o Carnaval e o retorno às aulas”, afirma Pires. SÓ NA FOLIA Em Itapira, a 164 quilômetro­s de São Paulo, a fábrica da Abre Alas se dedica inteiramen­te à produção de confetes e serpentina­s para a folia. Toda a produção anual é vendida somente entre os meses de novembro e março.

“O principal cuidado que precisamos ter é com o estoque. O produto não tem prazo de validade, mas o excesso de luz e umidade pode fazer o papel desmanchar ou perder a cor”, diz Vera Lúcia Lázaro Marcatti, 49, gerente de produção da empresa.

De acordo com ela, a Abre Alas teve um cresciment­o de 80% desde sua fundação, há quatro anos. Apesar de manter um faturament­o suficiente para funcionar o ano todo, a empresa tem planos de acrescenta­r novos produtos ao portfólio.

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Fotos Marcus Leoni/Folhapress Glitter fabricado pela Honey, de São Paulo
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Daniel Zanola, 29, proprietár­io da Estrela Festas, em SP, que importa e fabrica enfeites

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