Folha de S.Paulo

São de pequeno e médio porte, segundo dados da Abeoc.

-

Antes contratada­s apenas para organizar o Carnaval, produtoras de eventos têm criado seus próprios blocos de rua ou virado sócias de grupos já consolidad­os na folia para lucrar mais.

É o caso da Rua Livre, startup do grupo Catraca Livre. A empresa vai participar da folia com três blocos: Beatloko (rap), SP Beats (eletrônica) e o Brega, com hits de Odair José a Waldick Soriano.

A empresa tem um departamen­to para gerir o Carnaval, que responde por grande parte do faturament­o, afirma o diretor Estevão Romane. “As marcas só patrocinam os blocos que dialogam com sua identidade e princípios.”

A Rua Livre teve, neste ano, patrocínio da Skol e do aplicativo de táxi 99. “O desafio é fazer um conteúdo que possa dar visibilida­de às marcas, mas sem prejudicar a espontanei­dade”, diz Romane.

A produtora Oficina de Alegria é sócia do Bangalafum­enga, bloco que arrasta uma multidão por onde passa. Em cada show do grupo em São Paulo, 50% do lucro cai na conta da Oficina, conta Alan Edelstein, um dos quatro sócios da produtora.

A empresa também tem participaç­ão nos ganhos dos desfiles de Baiana System e Sargento Pimenta na cidade.

“Eles entram só com a parte musical. Nós fazemos a gestão, estruturam­os o conceito e prospectam­os o patrocínio para os shows de Carnaval e os do resto do ano”, conta Edelstein.

Para organizar a folia também é preciso saber lidar com imprevisto­s e agir rápido para o caos não se instalar, diz Edelstein. “No ano passado, o trajeto do Banga e do Sargento mudou faltando quatro dias. Bolamos um plano emergencia­l para dar conta. Isso é uma constante.”

Neste ano, a Oficina de Alegria afirma ter empregado cerca de 500 pessoas, direta e indiretame­nte, nas apresentaç­ões de seus blocos em São Paulo, que acontecera­m entre os dias 11 e 12 deste mês. O Carnaval representa metade do faturament­o anual da produtora, que não divulga o total movimentad­o.

Segundo Ana Claudia Bitencourt, presidente da Abeoc (Associação Brasileira das Empresas de Eventos), o folião tem exigido mais serviços especializ­ados, como melhor qualidade de som e maior segurança, e isso tem alavancado o trabalho das produtoras. “As pessoas estão escolhendo mais. Ganha mais público quem garantir a melhor estrutura”, diz.

O segmento de eventos no país é composto por 583 empresas. Cerca de 90% delas PAPELADA Tradiciona­lmente, a função das produtoras no Carnaval é gerir a festa e resolver a papelada exigida por prefeitura­s, polícia e bombeiros para os desfiles. Para isso, ganham entre 20% e 30% do dinheiro que é repassado aos blocos patrocinad­os.

Conseguir as autorizaçõ­es com a prefeitura toma boa parte do tempo, mas é essencial para que a festa aconteça, afirma Rogério Oliveira, um dos sócios da Pipoca, produtora que traz o Monobloco para São Paulo.

“Precisamos passar por diversos departamen­tos, entre eles a Secretaria de Cultura e a Companhia de Engenharia de Tráfego”, conta Oliveira.

“Com o cresciment­o do Carnaval de rua, o processo foi facilitado e conseguimo­s boa parte das autorizaçõ­es.”

Segundo Oliveira, a empresa apresenta o projeto aos moradores de regiões onde seus blocos vão passar. “O Carnaval não deve ser imposto. É natural que existam essas regras para que seja bom para os foliões e para quem não vai festejar”, afirma.

 ?? Bruno santos/Folhapress ?? Flávia Carvalho Dória, uma das sócias da produtora Oficina de Alegria, em apresentaç­ão de blocos de Carnaval em SP
Bruno santos/Folhapress Flávia Carvalho Dória, uma das sócias da produtora Oficina de Alegria, em apresentaç­ão de blocos de Carnaval em SP
 ?? Karime Xavier/Folhapress ?? O promoter catarinens­e Juan Moraes, 29, em São Paulo
Karime Xavier/Folhapress O promoter catarinens­e Juan Moraes, 29, em São Paulo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil