Novo ministro promete ficar distante da Lava Jato
O novo ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou à Folha nesta quinta (23) que acertou com o presidente Michel Temer o compromisso de manter “distância” da Operação Lava Jato.
Ele conversou com a reportagem após aceitar o convite para assumir a pasta, mas antes da confirmação oficial do Palácio do Planalto, que só veio no início da noite, pelo porta-voz, Alexandre Parola.
“A ordem é manter distância [da Lava Jato], porque a gente sabe que qualquer coisa que você faça, você se contamina, então é pra deixar pra lá”, disse Serraglio.
A Polícia Federal está sob o guarda-chuva administrativo do Ministério da Justiça.
Questionado se esse cenário de distanciamento é factível apesar de vários caciques do seu partido serem alvos da operação, o peemedebista reforçou o discurso.
“Imagina um ministro da Justiça pedir para alguém tergiversar nessa investigação? Isso seria a negação da República”, afirmou.
Serraglio afirmou ainda que Temer lhe pediu para conduzir as negociações para a ocupação da Secretaria Nacional de Segurança Pública, que, segundo ele, continuará subordinada ao Ministério da Justiça.
O deputado disse que o pri- meiro nome a ser procurado para ocupar a vaga será o do criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, amigo de Temer, que chegou a ser cotado para comandar o próprio ministério quando o PMDB chegou ao poder, mas que foi descartado devido a declarações com críticas à Operação Lava Jato.
“A partir de agora temos que ver como construir essa possibilidade sem que ele fique melindrado”, diz Serraglio, em referência à decisão de que a secretaria continue sob o comando do Ministério da Justiça. CUNHA ele deve favores a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso em Curitiba, por pertencer ao grupo do PMDB que foi comandado pelo ex-presidente da Câmara.
“Claro que não vou minimizar a importância política e a liderança que ele exercia na Casa, mas a Comissão de Constituição e Justiça reconheceu que não agi de forma parcial”, disse o deputado, se referindo à decisão da CCJ, sob seu comando, de rejeitar pedido de Cunha para anular seu processo de cassação.
Serraglio comandou a comissão em 2016 após uma articulação liderada por Cunha.
“Essa história de que devo favor a Cunha é folclore”, afirmou o ministro.