Show em São Paulo marca os 35 anos de punk dos Inocentes
Banda liderada pelo cantor e guitarrista Clemente gravou 13 álbuns e prepara agora um EP de quatro faixas inéditas
Com mesma formação há 22 anos, grupo faz show hoje no Sesc Belenzinho com ingressos esgotados
Passar 35 anos sem perder a inocência é algo raro. No caso dos Inocentes, esse período teve altos e baixos, transcorridos entre 13 álbuns e uma fé inabalável no punk rock, gênero do qual é a maior banda brasileira.
A marca motiva uma apresentação nesta sexta (24), no Sesc Belenzinho.
O agora cinquentão Clemente Tadeu Nascimento, único na banda desde sua formação, em 1981, admite que os shows acabam puxando músicas mais antigas, como “Pátria Amada” e “Pânico em SP”. “Você tem uma banda antiga, todo mundo quer ouvir material antigo”, diz o cantor e guitarrista à Folha.
Para ele, o grupo ter gravado apenas dois álbuns nos últimos 15 anos, “Labirinto”, de 2004, e “Sob Controle”, de 2013, é fruto dessa obsessão dos fãs. “Gravamos coisas novas e as pessoas pouco queriam saber. Então tá, a gente não gravou mais”, diz, rindo.
Mas os show nunca pararam. Desde 1995, a banda tem a mesma formação: Clemente, Ronaldo (guitarra), Nonô (bateria) e Anselmo (baixo).
“Essa formação já tem 22 anos, é a que mais gravou e mais tempo durou. Existe toda uma geração que cresceu com esse Inocentes. Os caras do NX Zero, por exemplo, iam ver essa formação. A gente influenciou todo aquele hardcore melódico brasileiro.”
A fase de maior destaque do grupo transcorreu entre 1986 e 1989, quando lançaram três álbuns por uma gra- vadora grande, a Warner.
O segundo deles, “Adeus Carne”, considerado o melhor disco dos Inocentes, vendeu 30 mil cópias, e a gravadora pressionou o grupo. Queria estouro comparável ao dos Titãs, do mesmo selo.
“Inocentes”, o terceiro, decepcionou. “No ‘Adeus Carne’, demos tudo que a gente tinha para sair um disco bom. Aí vendeu pouco, e a gente ficou perdido no seguinte. Saímos da Warner e ficamos pulando de um selo para outro.”
Clemente entrou a banda Plebe Rude em 2004, dividindo seu tempo entre os dois grupos. No fim do ano passado, lançou um álbum solo, “Antes que Seja Tarde”.
Para 2017, ele projeta um EP de inéditas dos Inocentes (“Com quatro faixas, tipo um velho compacto duplo”, define), mais shows para divulgar o álbum solo e talvez a gravação de um acústico “lado B” da Plebe, com músicas menos conhecidas. “Só umas coisas do além”, afirma.
“Nada disso toma todo o tempo, né? Então preciso de três bandas para me manter ocupado e pagar as contas.” QUANDO sexta (24), às 21h30 ONDE Sesc Belenzinho, r. Padre Avelino, 1.000, tel. (11) 2076-9700 QUANTO ingressos esgotados