Folha de S.Paulo

Para quem ficar em casa

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RIO DE JANEIRO - Sugestão para quem gosta de Carnaval, mas, por motivo de força maior —gota, lumbago, hiperplasi­a benigna da próstata ou simples medo de multidão—, não quer se meter nos blocos: passar os quatro dias em casa, deliciando­se pela internet com sambas clássicos, compostos especialme­nte para o Carnaval. Não, não estou me referindo a sambas-enredo, mas aos sambas mesmo, que tocavam no rádio, na voz dos grandes cantores, e eram um refresco nos bailes, entre uma marchinha e outra. É só escrever o nome do samba e do autor ou intérprete, e clicar. Algumas amostras:

“Foi Ela” (1935), de Ary Barroso: “Quem quebrou meu violão de estimação?/ Foi ela/ Quem fez do meu coração seu barracão?/ Foi ela...”, com Francisco Alves. “Camisa Listada” (1938), de Assis Valente: “Vestiu uma camisa listada/ E saiu por aí/ Em vez de tomar chá com torrada/ Ele bebeu parati...”, com Carmen Miranda.“Que Samba Bom” (1949), de Geraldo Pereira e Arnaldo Passos: “Ó, que samba bom/ Ó, que coisa louca/ Eu também estou aí/ Estou aí, o que é que há/ Também estou nessa boca...”, com Blecaute.

“Fechei a Porta” (1960), de Sebastião Mota e Ferreira dos Santos: “Eu não quero mais amar/ Pra não sofrer ingratidão/ Depois do que eu passei/ Fechei a porta do meu coração...”, com Jamelão. “Quero Morrer no Carnaval” (1961), de Luiz Antonio e Eurico Campos: “Quero morrer no Carnaval/ Na Avenida Central/ Sambando...”, com Linda Baptista. “Eu agora sou feliz” (1963), de Jamelão e Mestre Gato: “Eu agora sou feliz/ Eu agora vivo em paz...”, idem, com Jamelão.

E muitos outros. Às vezes nos esquecemos de que o Carnaval não se limitava às marchinhas, e que os compositor­es se dedicavam também aos sambas.

Na verdade, a marchinha era a farra pura, enquanto o samba, quase sempre com uma nota grave, era o Carnaval da reflexão. avsinger@usp.br

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