Folha de S.Paulo

Para tornar-se apenas um “partido da base”.

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O presidente Michel Temer apostava que terminaria a semana melhor do que começou. Com anúncio de queda dos juros e de melhora nas contas públicas, a expectativ­a era de uma reversão no desgaste de imagem causado pela concessão de foro privilegia­do ao amigo e agora ministro Moreira Franco, citado na delação da Odebrecht.

Em apenas dois dias, no entanto, perdeu um aliado estratégic­o na equipe ministeria­l, criou um racha na bancada peemedebis­ta da Câmara e teve seu ministro da Casa Civil envolvido em um episódio nebuloso revelado por um ex-assessor do próprio presidente.

O primeiro revés ocorreu na noite de quarta (22), quando, por motivos de saúde, o tucano José Serra pediu demissão do Itamaraty.

O presidente imediatame­nte procurou a cúpula tucana para negociar o nome do no- vo ministro, ainda a ser definido —o favorito, por enquanto, é o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), hoje líder do governo no Senado.

No dia seguinte, uma nova dor de cabeça: a insatisfaç­ão de parte da bancada do PMDB da Câmara com a escolha do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para ministro da Justiça. O vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), anunciou rompimento com o governo e avisou que sua vontade agora é impor seguidas derrotas ao Planalto. Para parte da bancada, com a nomeação o PMDB deixa de ser o “partido do presidente” MULA Na noite de quinta (23), o advogado José Yunes, ex-assessor da Presidênci­a, afirmou à Folha que recebeu, a pedido do ministro, um “pacote” em 2014, em seu escritório político em São Paulo, entregue por Lúcio Funaro, apontado como operador de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Yunes prestou depoimento na semana passada aos procurador­es em Brasília —sua versão tem semelhança­s com o teor da delação de Claudio Melo, ex-diretor da Odebrecht,

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Pedro Ladeira - 16.fev.2017/Folhapress O presidente Michel Temer, cujo governo vive crise política, durante cerimônia no Palácio do Planalto na semana passada

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