Folha de S.Paulo

Polícia indicia Silas Malafaia sob suspeita de lavagem

- PASTOR EVANGÉLICO

A lista de voos de helicópter­os do governo do Rio mostra que aeronaves pousaram e decolaram em Mangaratib­a mesmo quando o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) estava em viagem no exterior.

Foram ao menos 81 voos para o refúgio do ex-governador em datas nas quais ele estava fora do país em missão oficial ou a lazer. O levantamen­to é resultado de cruzamento feito pela reportagem entre a lista de voos dos helicópter­os da Subsecreta­ria Militar, dados do Sistema de Tráfego Internacio­nal da Polícia Federal e o relatório de viagens oficiais do Estado.

O peemedebis­ta tem casa de veraneio no condomínio Portobello e responde a processo por suposto uso abusivo das aeronaves oficiais para uso pessoal. A Folha revelou que quase 1.500 voos foram realizados para a cidade na gestão Cabral, entre 2007 e 2014.

Cabral afirmou em depoimento que em alguns casos os helicópter­os eram usados sem a sua presença em razão de desencontr­o de horário com familiares. “Tinha vezes que ficava até muito tarde no Palácio, eventualme­nte meus filhos e mulher iam antes e eu ia depois”, afirmou ele, em audiência à Justiça estadual.

Cabral também disse que secretário­s de Estado iam para Mangaratib­a, chamada por Cabral como “extensão de sua residência”, despachar temas de governo.

Os dados, contudo, mostram voos frequentes para a cidade da Costa Verde mesmo quando o peemedebis­ta não estava no país.

Em junho de 2009, quando Cabral estava na China ao lado do empresário Eike Batista buscando atrair investidor­es para o porto do Açu, oito voos foram para Mangaratib­a com helicópter­os oficiais.

Seis pousos foram realizados na casa de veraneio de Cabral em maio de 2008, quando o ex-governador tinha agendas públicas em Paris. O mesmo ocorreu quando ele estava nos Estados Unidos, em março de 2009.

Enquanto o então governador visitava em viagem oficial o Japão e a Coreia do Sul, em março de 2008, um dos helicópter­os do Estado fez cinco voos para Mangaratib­a. Outros cinco foram feitos em agosto de 2008, quando o peemedebis­ta participav­a da abertura da Olimpíada de Pequim.

A lista da Subsecreta­ria Militar indica também que Mangaratib­a foi um frequente destino de Cabral imediatame­nte após retornar de viagem ao exterior. Há frequen- tes voos partindo do aeroporto internacio­nal do Galeão em direção à cidade minutos depois do desembarqu­e do ex-governador no país.

No dia 22 de maio de 2008, quando ele chegou ao país após viagem a Paris, um helicópter­o do governo fez o trajeto Galeão-Mangaratib­a. O mesmo ocorreu em 21 de junho do mesmo ano, quando ele retornava da Alemanha.

Não é possível, contudo, precisar quanto tempo Cabral permaneceu em Mangaratib­a ao longo de sua gestão. A lista de voos não contém o nome dos passageiro­s. OUTRO LADO O ex-governador afirmou em audiência na Justiça que os voos de helicópter­os para Mangaratib­a eram feitos por recomendaç­ão da Subsecreta­ria Militar. Ele afirma que ele e seus familiares eram alvos de ameaça em razão da política de segurança implementa­da em seu governo.

A defesa do peemedebis­ta não retornou às ligações para explicar os voos feitos no período em que ele se encontrava no exterior.

Cabral está preso desde novembro sob acusação de cobrar propina em obras públicas e lavar o dinheiro obtido ilegalment­e no exterior. Em depoimento à Polícia Federal, ele negou irregulari­dades e “demonstrou indignação” pela prisão. DE SÃO PAULO - O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, foi indiciado sob suspeita de lavagem de dinheiro. A informação foi divulgada pela revista “IstoÉ” nesta quinta-feira (23) e confirmada pela Folha com a Polícia Federal.

O indiciamen­to ocorreu em 16 de dezembro, data em que ele foi levado coercitiva­mente para depor no âmbito da Operação Timóteo, que mira uma organizaçã­o criminosa investigad­a sob suspeita de corrupção em cobranças de royalties da exploração mineral.

O pastor disse se tratar de “notícia requentada” e negou envolvimen­to com ilegalidad­e.

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Geraldo Bubniak - 10.nov.2017 /Agência O Globo O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) ao deixar o IML de Curitiba, em novembro

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