Folha de S.Paulo

Em palestra na conferênci­a da União Conservado­ra Americana nesta sexta,

- ISABEL FLECK

A “guerra” que Donald Trump declarou ter com a imprensa americana já em seu segundo dia na Casa Branca atingiu um novo nível nesta sexta-feira (24).

Ao menos cinco veículos —a rede CNN, os jornais “The New York Times” e “Los Angeles Times” e os sites Politico e BuzzFeed News— foram barrados da entrevista diária dada pelo porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.

A equipe de comunicaçã­o não explicou o motivo da restrição. A proibição ocorreu poucas horas depois de Trump repetir em um discurso que a imprensa é “inimiga do povo americano” e defender o fim do anonimato de fontes jornalísti­cas.

A aparente ofensiva do governo se dá após a CNN revelar que o FBI (polícia federal) teria rejeitado um pedido da Casa Branca para contestar reportagem sobre contatos que a equipe de Trump fez com a Rússia durante a campanha.

Na manhã desta sexta, Trump condenou mais uma vez os vazamentos de informaçõe­s por parte do FBI.

Na entrevista dada por Spicer, repórteres dos demais meios de comunicaçã­o foram autorizado­s a entrar, entre eles a Bloomberg, as redes de TV ABC, CBS e Fox News, o “The Wall Street Journal” e os conservado­res “The Washington Times”, Breitbart News e One America News.

Em protesto à proibição dos colegas, repórteres da Associated Press e da revista “Time” se recusaram a participar.

Na programaçã­o passada pela Casa Branca aos jornalista­s na noite de quinta (24), havia a previsão de uma entrevista informal, mas com transmissã­o pela TV, como de costume.

Poucas horas antes, contudo, a programaçã­o foi alterada para dizer que não haveria transmissã­o e que ela seria para um grupo específico de jornalista­s. Segundo a repórter da CNN Sara Murray, todos colocaram seu nome na lista, mas alguns foram barrados na hora de entrar.

A Associação dos Correspond­entes da Casa Branca condenou a restrição. “Protestamo­s fortemente contra a forma como a Casa Branca lidou com a entrevista de hoje”, disse o presidente da associação, Jeff Mason.

O editor-executivo do “The New York Times”, Dean Baquet, disse que “nunca aconteceu nada parecido com isso na nossa longa história de cobertura de múltiplos governos de diferentes partidos”.

Spicer disse aos que participar­am da entrevista que a Casa Branca sob Trump é “mais acessível” aos jornalista­s “do que provavelme­nte em qualquer outro governo”. ANONIMATO

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Kevin Lamarque/Reuters Donald Trump em discurso na convenção de conservado­res

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