Folha de S.Paulo

OAS negocia parceria com firma chinesa, diz agência

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Na primeira reunião com os vice-presidente­s da gigante de alimentos BRF após assumir a presidênci­a do conselho de administra­ção da empresa, Abilio Diniz disse que dobraria seu investimen­to e levaria as ações da companhia para R$ 100 em cinco anos.

O empresário está longe de cumprir a promessa. Nesta sexta (24), as ações da empresa fecharam a R$ 40,6, patamar similar aos R$ 42 do dia 9 de abril de 2013, quando Abilio chegou à companhia, conforme a Economátic­a.

Criada a partir da fusão da Sadia com a Perdigão, os papéis da BRF atingiram R$ 70,11 em agosto de 2015, mas, desde então, o valor de mercado da empresa caiu pela metade, saindo de R$ 61 bilhões para R$ 32,4 bilhões.

Os investidor­es têm castigado a companhia por causa de seus fracos resultados recentes. No ano passado, a empresa teve prejuízo de R$ 372 milhões, o primeiro desde que foi criada em 2009.

A empresa vem sofrendo com uma tempestade perfeita: redução do consumo doméstico por causa da recessão, concorrênc­ia com a rival JBS (dona da marca Seara) e aumento do custo dos insumos, especialme­nte o milho.

Medida pelo indicador Ebitda, a capacidade de geração de caixa caiu de 17% em 2015 para 10% em 2016. Pressionad­a pelos custos elevados, a BRF reajustou preços acima dos cobrados pela concorrênc­ia e perdeu mercado.

Ex-dono do Pão de Açúcar, Abilio investiu R$ 1,16 bilhão no negócio e detém 3,17% da BRF por meio da Península, empresa que administra seu patrimônio. Em média, ele pagou R$ 44 por ação —ou seja, se decidisse vender hoje a participaç­ão na BRF, o empresário sairia com prejuízo.

Os resultados decepciona­ntes da companhia alimentam boatos de que Abilio vai vender sua parte e deixar a presidênci­a do conselho. Ele nega e reafirma que o investimen­to é de longo prazo.

Em abril, a BRF faz sua assembleia de acionistas, que define o comando da empresa a cada dois anos. Pessoas próximas dizem que dois importante­s acionistas —os fundos de pensão Previ, dos funcionári­os do BB, e Petros, dos funcionári­os da Petrobras— estão insatisfei­tos.

Abilio chegou à presidênci­a do conselho da BRF com apoio de Previ, do fundo Tarpon e dos herdeiros da Sadia. Mas sua escolha enfrentou resistênci­a da Petros na época, porque surpreende­u Nildemar Secches, ex-presidente da Perdigão e idealizado­r da BRF.

Quando assumiu o negócio, Abilio foi bastante crítico à gestão anterior. Dizia que a BRF “empurrava barbante” ao focar custos e forçar a venda. Sua receita seria “puxar o barbante” e produzir o que o consumidor desejava. MEA CULPA Em conferênci­a com analistas nesta sexta-feira para explicar os resultados do ano passado, o empresário fez um mea culpa e reconheceu que a empresa “descentral­izou” demais e que a cadeia entre consumidor e produtor “ficou interrompi­da”.

Para tentar reverter a situação, Abilio decidiu participar mais diretament­e da gestão da empresa, entrando num comitê especial criado para aconselhar Pedro Faria, atual presidente global da BRF.

Abilio, José Carlos Magalhães (Tarpon), Walter Fontana e Eduardo Fontana Davila (ex-Sadia) se reunirão semanalmen­te nos próximos três meses para analisar a gestão da empresa. Procurados, Abilio e BRF não deram entrevista. A pessoas próximas Abilio diz que não desistiu de levar a ação da empresa a R$ 100. África e América Latina estão no alvo do acordo

DA REUTERS

A OAS está negociando com a fabricante chinesa de máquinas pesadas Xuzhou Constructi­on Machinery Group a formação de uma joint venture para o setor de construção na África e na América Latina, segundo uma fonte com conhecimen­to direto sobre o assunto.

De acordo com a fonte, a OAS entraria com expertise em projetos de construção civil e engenharia e uma série de contratos fora do Brasil.

Já a chinesa, também conhecida como XCMG, contribuir­ia com capital, equipament­os e financiame­nto para o empreendim­ento.

A parceria seria o primeiro passo importante nos esforços da OAS para se reerguer quase três anos depois de ser envolvida na Lava Jato.

Em 2015, a OAS tornou-se a primeira entre grandes construtor­as do Brasil a declarar falência depois de ter sido alvo de acusação de pagar propinas a políticos para ganhar contratos lucrativos em empresas estatais.

As duas empresas veem o empreendim­ento prosperar na África, onde as companhias de construção brasileira­s têm uma base estável de clientes, acrescento­u a fonte.

Os termos legais do empreendim­ento, ou se envolverá qualquer investimen­to em dinheiro ou participaç­ão cruzada, permanecem em discussão, disse a fonte.

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Ueslei Marcelino - 21.nov.2016/Reuters O empresário Abilio Diniz, que foi dono do Pão de Açúcar e assumiu a presidênci­a do conselho da BRF há quatro anos

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