Folha de S.Paulo

Prada desfila eras do feminismo em Milão

Grife italiana faz colagem de pin-up, burlesco, 1968 e ‘flower power’ na coleção que apresentou na semana de moda

- PEDRO DINIZ

Já a Emporio Armani aplicou sua tradiciona­l alfaiatari­a feminina em roupas de tecidos leves e cobertos de brilho

Nas passarelas, a feminilida­de sempre resume os esforços da moda em levar glamour e sensualida­de ao guardaroup­a das mulheres. Miuccia Prada, em uma das melhores coleções de sua carreira, mostra outro caminho: uma exaltação a essa mesma feminilida­de, só que construída por meio do discurso feminista.

No quarto de mulher montado na sede da marca, em Milão, pôsteres de filmes relacionad­os ao feminismo foram adaptados com imagens de modelos do inverno 2018 da grife. Quando as luzes se apagaram, um exército de garotas vestidas com colagens de diferentes épocas, todas marcadas por mudanças no comportame­nto feminino, se misturaram às imagens.

Prada costurou um “patchwork” das francesas de 1968, das americanas “flower power”, das burlescas dos anos 1920 e das guerreiras ocultas, da ficção ou da vida real.

Personagen­s com cara de pin-up seguravam armas em uma das estampas em vestidos curtos, que receberam sobreposiç­ões de casacos de couro e peles. Na cabeça de uma das modelos, plumas simulavam um cocar. A mesma referência tribal foi aplicada a looks acetinados.

Nos pés, sapatos baixos receberam aplicações de plumas, e as botas, grossas e na altura dos joelhos, camadas de pelúcia contra o frio.

A imagem pesada e confusa parecia clamar para que as mulheres saíssem da clausura e fossem às ruas para uma caminhada contra a sociedade machista e o conservado­rismo crescente no mundo.

Em rara explicitaç­ão de suas ideias, a estilista colou frases que norteiam o discurso politizado da coleção: “Moda tem a ver com o cotidiano, e o cotidiano é o palco político de nossas liberdades”.

“Nesse momento de incertezas culturais é difícil não pensar que alguma forma de produção criativa será impedida de tomar posição em favor dos valores liberais em que cremos”, diz Miuccia.

O ideal de liberdade também norteou o desfile da Emporio Armani, mesmo se ela apareceu enquadrada em uma roupa mais feminina.

Na coleção desfilada na sexta (24), Giorgio Armani usou a alfaiatari­a feminina, que o tornou famoso no fim dos anos 1970, em roupas cobertas de brilhos e confeccion­adas com tecidos leves.

A androginia é dos pontos altos das criações do designer, que ampliou o padrão xadrez da alfaiatari­a masculina para aplicá-lo em costumes elegantes. São roupas noturnas e de humor festeiro que, Armani sabe, é um artigo precioso em tempos de guerra. PRADA ótimo EMP. ARMANI muito bom

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Modelo desfila look da coleção Prada na Semana de Milão
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Vestido da Emporio Armani

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