Jogadora transexual de vôlei ganha aval para disputar torneio
FOLHA,
Nascida em corpo de homem, mas identificada como mulher, a transexual curitibana Isabelle Neris é jogadora amadora de vôlei e, mesmo longe dos holofotes das equipes profissionais, acaba de deixar sua marca na história da modalidade: aos 25 anos, ela será a primeira transexual a jogar uma partida oficial entre equipes femininas no Brasil.
Ela trabalha como cabeleireira e joga de central no time Voleiras. No início deste mês, recebeu a aprovação para competir nos eventos da Federação Paranaense de Vôlei (FPV). A estreia será na Taça Curitiba, torneio organizado pela federação estadual, que começa em 20 de março.
Segundo Neuri Barbieri, vice-presidente da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) e presidente da FPV, não há conhecimento de outro caso semelhante no país.
A decisão é válida apenas para competições no Paraná. No entanto, já refletiu no alto escalão do vôlei nacional.
A CBV criou uma comissão para estabelecer critérios para a aceitação de atletas que mudaram de sexo. A tarefa passa por questionar o que define uma mulher.
Não há previsão para a divulgação dos parâmetros que serão adotados. Até agora, a única prova exigida era um documento oficial que indicasse o sexo da jogadora.
Os pontos de vista envolvidos na questão são tantos que o próprio superintendente da FPV, Jandrey Vicentin, viu-se em dúvida ao avaliar o pedido da curitibana.
“A trans pode, sim, favorecer resultados em equipes femininas, considerando a questão física. Nossa dificuldade foi encontrar estudos em esportes em que, como o vôlei, a altura seja fator decisivo. A maior parte é sobre o atletismo, em que a força é mais relevante”, afirmou.
Barbieri afirmou que a solução para o impasse sobre a participação de Isabelle no torneio se baseou na decisão da Justiça brasileira.