Balé da Cidade abre temporada com ‘Risco’, um elogio do grafite
Programa apresentado a partir de sexta (24) traz também ‘Adastra’, criada para o grupo em 2015
‘Quero identificar o Balé como a companhia que representa São Paulo hoje’, diz Ismael Ivo, diretor do grupo FOLHA
O Balé da Cidade vai subir ao palco do Municipal de São Paulo, nesta sexta (24), sob o signo de Áries, regido por Marte, planeta do combate.
“Marte” é a música com que inicia “Risco”, coreografia inaugural da temporada 2017 da companhia, sob a nova direção de Ismael Ivo. Trata-se do primeiro movimento da suíte “Os Planetas”, do inglês Gustav Holst (1874-1934).
Na obra, o compositor interpretou as características de cada planeta segundo a astrologia. “O trecho sobre Marte tem natureza bélica. Vi alguns ensaios da companhia, percebi certa violência e sugeri essa música”, diz o maestro Luis Gustavo Petri, que conduz a Orquestra Sinfônica Municipal no espetáculo.
Na segunda parte, a música é “Festas Romanas”, de Ottorino Respighi (1879-1936). “Fala da decadência do Império Romano e das festas pagãs na rua”, conta Petri.
A rua festiva e caótica também define “Risco”, que trata do corpo na cidade. “Quero identificar o Balé como a companhia que representa São Paulo hoje”, diz Ivo.
A conjunção de dança, cidade e combate fez do grafi- te o fio condutor da coreografia. “O tema do grafite, arte de ocupação do espaço público, é atual e polêmico. São Paulo é cheia de contradições, novos grupos surgem e é preciso dar voz a eles”, diz o dramaturgo Sergio Ferrara, diretor cênico de “Risco”.
A dramaturgia foi costurada a partir das improvisações dos bailarinos sob orientação de Ivo. No centro, a figura do artista americano Jean-Michel Basquiat (1960-1988).
Pano de fundo e cenário, São Paulo envolve os bailarinos por meio de imagens projetadas; algumas trazem bailarinos em frente a grafites que sobreviveram à tinta cinza do programa “Cidade Linda”, no início da gestão Doria.
O espetáculo começa com imagens feitas por drones. À frente das imagens urbanas, no proscênio, está Basquiat, com um cobertorzinho. “É o que vejo quando abro a porta do Municipal e saio na rua: um hotel ‘open air’”, diz Ivo.
Ferrara propôs uma sequência “à la Plínio Marcos”. “Quis trazer os excluídos da sociedade, os travestis, os mendigos, os passantes, até