Vigília em homenagem a vítimas do ataque reúne milhares em Londres
Terrorismo não intimidará a cidade, dizem prefeito e chefe da polícia à plateia presente no ato
Líderes da comunidade islâmica pedem apoio para evitar que jovens se radicalizem e reforço ao discurso de união EM LONDRES FOLHA,
Milhares de pessoas participaram nesta quinta-feira (23) de uma vigília no centro de Londres em homenagem às vítimas do ataque na região do Parlamento. O ato teve a participação de lideranças religiosas e autoridades como o prefeito Sadiq Khan.
Moradores e turistas lotaram a Trafalgar Square, palco tradicional de manifestações e que fica a um quilômetro do Palácio de Westminster. Em seu discurso, Khan voltou a dizer que os cidadãos da cidade não serão intimidados pelos terroristas.
“Nós defendemos nossos valores e mostramos que somos a melhor cidade do mundo. Nossa resposta a este ataque à nossa cidade, ao nosso estilo de vida e aos nossos valores mostrou ao mundo o que é ser um londrino.”
Com o mesmo tom, o comissário da polícia de Londres Craig Mackey afirmou que a presença da população no ato mostra a verdadeira natureza da cidade. “Pessoas tentaram destruir esta cidade com atos de terror muitas vezes. Nunca conseguiram e nunca vão conseguir.”
Velas foram acesas em um pequeno altar com flores nas escadarias que levam à National Gallery, que fica na praça. Durante a vigília os presentes respeitaram um minuto de silêncio em memória às vítimas do ataque.
Um forte esquema de segurança foi montado na região da Trafalgar Square para a realização da vigília. O acesso de veículos nas ruas vizinhas foi bloqueado e houve reforço no efetivo policial, incluindo agentes armados e unidades caninas.
Manifestantes também colocaram velas nas muretas da ponte de Westminster, ao lado do Parlamento e por onde o terrorista, identificado com Khalid Masood, passou com o carro com o qual atingiu algumas de suas vítimas.
Haverá vigílias também em outras cidades britânicas. Em Birmingham, moradores, políticos e representantes religiosos se reunirão nesta sexta-feira (24). MUÇULMANOS Dentre as lideranças religiosas que participaram da manifestação, estavam membros da comunidade islâmica londrina, incluindo Jehangir Malik, presidente da organização humanitária Muslim Aid. Para ele, os muçulmanos devem voz aos mais jovens para que não se tornem radicais.
“Os jovens não podem ter medo de falar, de se expressar politicamente. Reprimir o discurso só traz alienação e leva esse tipo de visão para a clandestinidade. A democracia tem que permitir o debate e a discussão de ideias para seguir adiante”, disse.
Para o paquistanês Jawad Qamar, da Comunidade Muçulmana Ahmadiyya, as pessoas que professam a fé islâmica devem ter um papel ativo na promoção dos valores de paz da religião.
“Nós estamos aqui hoje para mostrar que o islã é uma religião de paz e que nós estamos todos juntos. Nós apoiamos a todos os que foram afetados vítimas.”
Segundo ele, é importante que os políticos reforcem o discurso de união para evitar retaliações aos islâmicos. “Os atos de uma pessoa não podem se refletir em toda uma comunidade”, completou. ANTECEDENTES A estratégia de atirar veículos contra multidões foi usada nos últimos grandes atentados terroristas ocorridos na Europa.
Além do ataque desta quarta (22) em Londres, incidentes similares deixaram mortos em Berlim, em dezembro, e em Nice (França), em julho.
O incidente em Antuérpia ocorre um dia depois do primeiro aniversário dos ataques contra o aeroporto e o metrô de Bruxelas, que deixaram um total de 32 mortos e mais de 300 feridos.