Folha de S.Paulo

Terror em Londres

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O ataque desfechado em Londres, na quarta-feira (22), nas proximidad­es da sede do Parlamento britânico, renova as preocupaçõ­es internacio­nais com atos terrorista­s e chama mais uma vez atenção para ações que podem ser deflagrada­s por pessoas isoladas, sem prévio treinament­o ou supervisão direta de organizaçõ­es extremista­s.

Essa é uma das hipóteses no caso do agressor Khalid Masood, nascido na Inglaterra, que projetou um veículo contra transeunte­s na ponte de Westminste­r, esfaqueou um policial e foi morto a seguir.

Masood tinha passagens anteriores pela polícia, mas até onde foi revelado não teria laços de militância com um grupo terrorista.

Analistas consideram significat­ivo o fato de a milícia Estado Islâmico (EI) ter classifica­ndo Masood como um “soldado” que supostamen­te teria respondido a seus apelos para atacar países que participam da coalização de “infiéis” que a combate no Oriente Médio.

Depois de assombrar o mundo com uma série de atos bárbaros e de avançar em seu projeto insano de instaurar um califado em território que se estende da Síria ao Iraque, a milícia tem perdido terreno e postos estratégic­os.

O grupo já demonstrou espantosa capacidade de atrair jovens extremista­s e criminosos de diversos países, que se apresentar­am nos últimos anos como voluntário­s para treinament­o e combate.

Enfraqueci­do e com dificuldad­es de furar o cerco de serviços secretos e forças de segurança, a facção Estado Islâmico passou a lançar apelos estimuland­o ataques individuai­s, mesmo que desfechado­s de forma improvisad­a e precária .

Uma resposta se deu em Nice, na França, onde 86 pessoas foram mortas por um caminhão durante um desfile do dia da Bastilha, em julho de 2016. Em dezembro, em Berlim, mais 12 morreram num ataque semelhante.

O terrorismo fundamenta­lista islâmico é praga que se manifesta de forma sorrateira e covarde não só em países do Ocidente mas também em nações de maioria muçulmana. No clima de inseguranç­a geral, prospera o preconceit­o.

Além da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, políticos de linha xenófoba ganham crescente atenção em países europeus, explorando —e generaliza­ndo— as ligações entre os ataques e o mundo islâmico.

É da essência do terror incutir no cidadão comum a sensação de ser alvo potencial de violência. Neste momento, os aparatos oficiais de defesa contra esse mal são desafiados pelos “lobos solitários”, suas facas e seus caminhões.

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