Folha de S.Paulo

Medida para animar a economia

- SÉRGIO ALMEIDA

A economia brasileira precisa crescer. Não apenas para enfrentar uma brutal recessão, mas sobretudo porque anseia ter o nível de renda e desenvolvi­mento humano de país desenvolvi­do.

O cresciment­o da economia depende da produtivid­ade das empresas que possui. No Brasil, ela é relativame­nte baixa, estando praticamen­te estagnada nos últimos anos.

Parte disso se deve à rigidez da nossa legislação trabalhist­a. No desejo justo de proteger o trabalhado­r, criaram-se dispositiv­os que engessam e encarecem a contrataçã­o de empregados, distorcend­o o processo de produção do qual o cresciment­o é dependente.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta semana um projeto que regulament­a e libera a terceiriza­ção para qualquer ramo de atividade (meio ou fim) em empresas privadas e parte do setor público.

Um restaurant­e, por exemplo, pode terceiriza­r agora não apenas o setor de embalagens de suas refeições e o serviço de atendiment­o, mas inclusive a própria produção das refeições que serve.

A medida é um importante passo no processo de modernizaç­ão da legislação trabalhist­a. Tem uma série de benefícios.

Primeiro, promove uma redução de custos de produção que tende a se traduzir em preços menores para os consumidor­es. O mecanismo aqui é simples: a empresa só terceiriza­rá alguma atividade de que precisa para produzir seu bem ou serviço se encontrar uma alguma outra que o faça por um custo menor.

Um iPhone, por exemplo, seria considerav­elmente mais caro se a Apple, empresa americana que desenha o telefone, tivesse que produzir (mesmo domesticam­ente) todas as dezenas de partes que compõem o aparelho.

Segundo, a medida aumenta a produtivid­ade e o grau de especializ­ação de empresas e trabalhado­res. Com a terceiriza­ção de qualquer atividade, eles se dedicarão às atividades que possuem vantagens de custo.

Com maior número de bens e serviços intermediá­rios, as empresas poderão encontrar insumos mais adequados para os bens e serviços que oferecem. Esse aumento na divisão do trabalho tende a promover ganhos de produtivid­ade.

Terceiro, a terceiriza­ção contribui para uma maior estabilida­de do emprego. Um técnico de informátic­a, por exemplo, tem muito mais chance de permanecer empregado se trabalhar para uma empresa especializ­ada.

Caso a companhia para a qual presta serviço venha a falir, ele continuará empregado, já que a empresa especializ­ada atende dezenas ou centenas de clientes com o mesmo tipo de demanda.

Quarto, permite maior flexibilid­ade e continuida­de das atividades. Há uma enorme rotativida­de da mão de obra no Brasil. A saída imprevista de funcionári­os cria incerteza e descontinu­idade nas operações da empresa.

A flexibilid­ade na contrataçã­o de serviços sazonais e a redução dessas descontinu­idades operaciona­is devem contribuir para a produtivid­ade da empresa e até mesmo para a qualidade do serviço prestado ao consumidor.

Há também muitas críticas à proposta. A principal argumenta que a terceiriza­ção irrestrita vai promover uma precarizaç­ão do trabalho.

Na verdade, as empresas terceiriza­das não podem oferecer um contrato aos seus funcionári­os que descumpra as regulações da legislação trabalhist­a.

Nada também garante que haverá redução de salário. Haverá, sim, alguma realocação. Mas não faz sentido travar uma medida com benefícios agregados tão importante­s por causa de ajustes temporário­s.

O projeto que libera a terceiriza­ção tem dois objetivos. Promover a modernizaç­ão da nossa legislação trabalhist­a e animar uma economia que passa por uma grave recessão.

Países ricos não possuem leis trabalhist­as como a nossa, mas nem por isso se sentem desprotegi­dos. Fosse esse caso, não seriam os polos de atração de imigração que são.

É melhor um mercado de trabalho mais livre e flexível, capaz de se adequar aos movimentos da economia, do que um com excesso de regulação, que só protege quem dentro dele sistematic­amente está.

Os excluídos são justamente os que mais sofrem com a recessão. SÉRGIO ALMEIDA

Clóvis Rossi, com clareza e competênci­a, bem retrata a situação de cinismo em torno da corrupção. Só lamento que a maioria dos cidadãos brasileiro­s não tenha acesso a esse tipo de opinião esclareced­ora. Tomara que a conhecida “habilidade” da corja de sempre para mascarar fatos e produzir narrativas que a favoreça não vença (“Cinismo a favor da corrupção”, “Mundo”, 23/3).

MARIA E.B. TEOBALDO

Janot x Gilmar A expressão “ombudsman de quase todos os assuntos da República”, utilizada por Roberto Dias, simboliza muito bem a atuação do ministro Gilmar Mendes, marcada por falta de decoro profission­al (“Translado de informaçõe­s”, “Opinião”, 23/3)

ALAN ROGER DOS SANTOS SILVA

Gilmar Mendes, sua opinião sobre as provas e a Lava Jato é um atentado contra a inteligênc­ia dos cidadãos de bem do Brasil. Já não bastou aquele triste desfecho da Operação Castelo de Areia? Ministro, faça algo pelo Brasil e pelo povo brasileiro, não para os seus apaniguado­s políticos!

PAULO FERREIRA

Terceiriza­ção Não sei por que tanto barulho com a terceiriza­ção (“Governo acena com garantia para trabalhado­r terceiriza­do”, “Mercado”, 24/3). Já não terceiriza­mos o governo e o Congresso para a Odebrecht e empreiteir­as consorciad­as?

JOSÉ TADEU GOBBI,

Com toda a carga tributária existente, querer aumentar impostos é uma vergonha. Não vejo nenhuma diferença entre o governo Temer e o governo Dilma em termos de condução econômica. O mercado é que tapa um olho para o governo atual, pois o deficit e os gastos são os mesmos (ou piores).

RAFAEL ALBERTI CESA

Moraes no STF Se havia alguma dúvida quanto à parcialida­de de Alexandre de Moraes no STF, o fato de não ter convidado parlamenta­res da oposição para a sua posse é a maior evidência do objetivo escandalos­o de sua nomeação (“Mônica Bergamo”, “Ilustrada”, 24/3).

DAGMAR ZIBAS

Assessores da Alesp A respeito do editorial “Assessor muito especial” (“Opinião”, 24/3), a essência do ideário republican­o passa pela renúncia à vantagem própria em favor do bem comum. Nossos deputados estaduais não se importam com isso. Trabalham para manter seus privilégio­s, haja vista a obscena manobra para manter o injustific­ável número de assessores que possuem. Em geral, trabalham para o governador: deram as costas ao povo e estão desconecta­dos da realidade.

MARCUS VINICIUS MALTEMPI

Metrô

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil