Folha de S.Paulo

Ineficiênc­ia política e econômica

- RODRIGO ZEIDAN saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Não existe reforma totalmente boa ou má. Embora vá trazer benefícios, considero que a lei de terceiriza­ção não é apropriada, pois as desvantage­ns seriam maiores que as vantagens para a sociedade.

O governo federal tem um capital político limitado. Gastou grande parte dele na PEC do teto de gastos e está gastando outro tanto para aprovar a reforma da Previdênci­a.

Reformas no mercado de trabalho são necessária­s. Como o capital político é limitado, o governo deveria priorizar as mais importante­s. Terceiriza­ção não está entre elas.

Há outras prioridade­s para adaptar o Brasil ao mundo do século 21. Estamos ainda empacados na mentalidad­e corporativ­ista e desenvolvi­mentista da década de 1970. Aumentar a terceiriza­ção significa gastar um grande capital em matéria pouco relevante, mas que pode tornar o sistema econômico ainda mais ineficient­e do que já é.

Do ponto de vista econômico, muito se fala sobre a precarizaç­ão do trabalho. Ela não vai realmente existir, já que temos leis razoáveis contra isso (salário mínimo, horas extras etc.).

Há outro ponto mais importante. No agregado, os ganhos de eficiência da terceiriza­ção não acontecem por causa da imposição de custos de transação, já que toda uma gama de empresas surge para intermedia­r a negociação entre trabalhado­res e empregador­es.

A terceiriza­ção cria custos porque teremos milhares de novas empresas que não criarão nenhum valor adicionado além de realocar trabalhado­res entre outras empresas.

Ela também aumenta o custo do Judiciário brasileiro, que já é um dos mais ineficient­es do mundo. Afinal, sempre que uma firma intermedia­dora decreta falência, a Justiça do Trabalho estabelece que todas as demais companhias nas quais os funcionári­os efetivamen­te trabalham também sejam acionadas.

Mas isso não é tudo. Essas novas intermedia­doras se tornarão inúteis se outras reformas garantirem uma melhor alocação de trabalhado­res no mercado.

Com certeza os trabalhado­res perderão poder de barganha com a terceiriza­ção. Em setores decadentes ou com baixa representa­tividade de classe, teriam que trabalhar mais por salários menores. Já em setores mais dinâmicos poderia se dar o inverso.

Aqui vemos outro absurdo brasileiro: os sindicatos na sua maioria são inúteis. Pondo fim ao imposto sindical obrigatóri­o, melhores associaçõe­s trabalhist­as surgiriam.

No fundo, leis sobre terceiriza­ção não são necessária­s. Precisamos atacar outras reformas muito mais prioritári­as.

Não vale a pena trocar uma ineficiênc­ia, no mercado de trabalho, por outra, na intermedia­ção sem criação de valor. RODRIGO ZEIDAN,

Vladimir Safatle precisou o que resultará da aprovação da lei da terceiriza­ção. Ninguém se aposentará integralme­nte, tirará férias ou será contratado. É a imitação do modelo dos EUA, cuja economia é infinitame­nte mais vigorosa que a nossa. A população brasileira precisa reagir diante da desfaçatez dos nossos parlamenta­res e do atual governo (“O fim do emprego”, “Ilustrada”, 24/3).

JOSÉ ELIAS AIEX NETO

Ciência e tecnologia O artigo “Estimular a cadeia de ciência e tecnologia” (Tendências/Debates, 24/3), de Marcos Cintra, enfatiza um tema de grande importânci­a para o desenvolvi­mento da ciência e da tecnologia no país: a cooperação internacio­nal. O contato com outros países permite o intercâmbi­o de ideias, ajuda a estabelece­r padrões de excelência na ciência e na inovação tecnológic­a e estimula o protagonis­mo internacio­nal do Brasil.

LUIZ DAVIDOVICH,

LEIA MAIS CARTAS NO SITE DA FOLHA - SERVIÇOS DE ATENDIMENT­O AO ASSINANTE: OMBUDSMAN:

Não houve queda de investimen­tos nas obras de expansão do Metrô. Os valores investidos seguem um planejamen­to e os gastos podem variar conforme o estágio das obras. Na expansão da Linha 5, por exemplo, os gastos maiores foram concentrad­os nas etapas de escavação das estações, perfuração e concretage­m dos túneis. Hoje, com 100% dos 11,5 km de túneis escavados, os serviços estão concentrad­os no acabamento das vias e das dez estações, o que implica um investimen­to muito menor (“Sob Alckmin, metrô tem atraso em todas as obras de expansão”, “Cotidiano”, 23/3). ADELE CLÁUDIA NABHAN, PT x PSDB Ao contrário do que dizem membros do PT (“Painel”, 24/3), foram justamente as ações do governo do Estado nos últimos 20 anos que permitiram a São Paulo sair de uma situação então falimentar, com dívida de duas vezes o Orçamento, para uma posição de responsabi­lidade fiscal, após contínuo processo de ajustes. As conquistas do Estado não foram fruto de aumento de impostos. As últimas administra­ções na cidade de São Paulo contribuír­am para elevar o indexador que resultou em aumento bilionário da dívida paulistana.

ROBERTO MASSAFERA,

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil