Folha de S.Paulo

Em obra, tucano critica Folha e outros veículos

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DE SÃO PAULO

Como já transparec­ia nos volumes anteriores, Fernando Henrique Cardoso se irritava frequentem­ente com a imprensa, em particular a Folha.

No novo livro, ele reclama do que considera “niilismo arrogante” do jornal e de seu diretor de Redação, Otavio Frias Filho. “Otavinho no fundo acha que eu sou igual a todos, que qualquer político é igual ao outro”, comenta. “[A Folha] acha que o governo em si é mau, qualquer governo.”

E conclui, pouco depois: “Esse rapaz, filho de papai rico, que nunca experiment­ou as agruras do trabalho, com as incertezas do que vai ser o dia seguinte, é a expressão desse niilismo arrogante”.

Reportagen­s que provocaram questionam­entos ao governo tucano também são atacadas —como a revelação pela Folha, em maio de 1999, de que o então presidente havia tomado partido de um dos grupos que disputavam a privatizaç­ão da telefonia.

“É uma falta de responsabi­lidade, um desprezo pelos interesses do país e um deslize pessoal comigo, porque eles me conhecem e sabem que esse não é meu estilo.”

Outros veículos são mencionado­s, em geral sem tanta veemência. FHC diz, por exemplo, que a Globo “tem uma visão muito negativa do governo” — que ele atribui ao avanço da Rede Record. Estranha que o jornal “O Estado de S. Paulo” —cujos editoriais são elogiados ao longo da obra— publique, na seção de economia, artigo de um “sociologoz­inho” que teria como “único objetivo minar a credibilid­ade do presidente”.

O autor era Glauco Arbix, que viria a ser presidente do Ipea na gestão petista. (GP)

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