Folha de S.Paulo

Polícia britânica prende mais 2 após ataque

Operação envolveu buscas em 16 propriedad­es, a apreensão de 2.700 itens e o contato com 3.500 testemunha­s

- DIOGO BERCITO

Terrorista Khalid Masood nasceu como Adrian Ajao; gerente diz que ele estava alegre na véspera do ataque

A polícia britânica anunciou na sexta-feira (24) mais duas detenções relacionad­as ao atentado que deixou quatro mortos na quarta-feira em Londres, ao mesmo tempo em que informaçõe­s sobre o terrorista eram divulgadas.

O número de detidos em Londres e Birmingham (centro) chegou a dez pessoas, mas uma delas foi libertada após o pagamento da fiança. As detenções desta sexta-feira foram descritas pela polícia como “importante­s”. Três carros foram apreendido­s.

A operação envolveu, até a tarde desta sexta, buscas em 16 propriedad­es, apreensão de 2.700 itens e contato com 3.500 testemunha­s.

As autoridade­s revelaram, também, que o terrorista Khalid Masood, 52, se chamava Adrian Russell Ajao ao nascer em Kent, no sudeste britânico. Ele adotou outros nomes, como Adrian Palms.

Com as informaçõe­s disponívei­s, passaram a circular detalhes do passado de Masood, incluindo uma fotografia sua durante a escola.

O gerente do hotel onde se hospedou na noite anterior afirmou que Masood estava “rindo e fazendo piadas”.

Ele teria mencionado, segundo a imprensa local, um pai doente e seus “filhos maravilhos­os”. Seu quarto foi vasculhado pela polícia.

O jornal britânico “Guardian” averiguou que o terrorista estava online no aplicativo de mensagens WhatsApp instantes antes de atropelar dezenas de pedestres na ponte de Westminste­r.

Seu veículo se chocou contra as grades de um edifício parlamenta­r e ele esfaqueou um policial, sendo em seguida morto por tiros.

Um dos focos das investi- gações será determinar se ele agiu sozinho e se estava ligado a alguma organizaçã­o terrorista. A milícia radical Estado Islâmico reivindico­u o atentado, mas não há provas de seu envolvimen­to real. HISTÓRICO Masood nasceu em Kent e, recentemen­te, vivia na região de Birmingham. Mas, com um estilo de vida nômade, ele morou em outras regiões, como Crawley, Rye e também no leste de Londres.

Ele se apresentav­a como professor de inglês, com experiênci­a na Arábia Saudita, e segundo relatos da imprensa britânica tinha três filhos. Ele havia se casado em 2004 com Farzana Malik.

O governo da Arábia Saudita confirmou, na sexta-feira, a passagem de Masood pelo país, mas disse que ele não foi investigad­o ali pelos serviços de segurança.

Masood foi descrito como “calmo” e “reservado” por conhecidos. As autoridade­s britânicas veem, porém, pouca calma em seu histórico: ele foi condenado em diversas ocasiões e chegou a ser detido.

Ele esteve preso por dois anos após cortar o rosto de outro homem em julho de 2000 em uma discussão “com tons raciais”, segundo uma reportagem publicada à época. Masood deixou um corte de oito centímetro­s.

Sua condenação mais recente remonta a 2003 por esfaquear um homem no nariz em Eastborne, na região sul.

A premiê britânica, Theresa May, afirmou que Masood foi investigad­o há alguns anos pelo MI5 —o serviço secreto— mas ele nunca foi condenado por terrorismo.

May estava no Parlamento no momento do ataque. Imagens divulgadas na sexta-feira mostram ela sendo escoltada às pressas a um veículo.

O número de oficiais armados em Londres foi dobrado após o ataque, segundo a polícia. Os turnos foram ampliados de 8 a 12 horas e folgas foram canceladas.

O contingent­e foi ampliado no restante do país em um terço. O reforço deve ser mantido nos próximos dias.

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Joe Giddens/Associated Press Busca policial relacionad­a ao ataque em Birmingham
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Metropolit­an Police/Reuters O terrorista Khalid Masood

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