Exposição reúne no Rio originais de J.Carlos
Sede carioca do IMS mostra a partir de hoje recorte de quase 300 obras
Desenhos, que cobrem o dos anos 1920 aos 1940, integram conjunto de mil peças do artista sob a guarda da instituição DO RIO
Se o Brasil teve uma cara na primeira metade do século 20, ela certamente foi desenhada com o traço elegante de José Carlos de Brito e Cunha (1884-1950), o J. Carlos.
Principal artista gráfico do país, o ilustrador e chargista carioca ganha a partir deste sábado (25) uma exposição dedicada a seus originais no Instituto Moreira Salles do Rio.
“Ele era um ídolo. Todo mundo adorava o J.Carlos. O desenho limpo, a clareza de raciocínio. É inconfundível”, diz o jornalista e caricaturista Cássio Loredano, que já editou seis livros dedicados à obra do artista, além de uma biografia dele.
A exposição tem quase 300 originais, selecionados a partir dos mil que pertencem à família de J.Carlos e estão sob a guarda do IMS.
As peças gráficas abrangem desde a década de 1920 até o fim da década de 1940, e foram publicados em revistas como “Para Todos”, “Careta” e “O Tico-Tico”.
“É a maior exposição que já houve com essa quantidade de originais dele. É importante para mostrar o processo [de criação]”, diz o escritor Paulo Roberto Pires, que divide a curadoria com Loredano e com Julia Kovensky.
A mostra traça um caminho em quatro etapas: a primeira traz as criações gráficas —letras, logotipos e títulos, além de desenhos que emolduravam textos.
A segunda é dedicada às crônicas visuais, com cenas de costumes e acontecimentos do Brasil da época.
Há uma extensa porção que mostra a produção durante a Segunda Guerra e o início da Guerra Fria, na qual se nota seu ativismo político pró-Aliados. E, por fim, suas histórias em quadrinhos e desenhos para as crianças. VIDA NA PRANCHETA Trabalhando numa era anterior à disseminação das fotografias, J.Carlos era o responsável por toda a parte visual nas publicações em que trabalhou.
O artista não apenas desenhava caricaturas, ilustrações e charges — ele também criava as vinhetas, as capitulares, os anúncios.
“Um jogo de futebol, um incêndio, a inauguração de uma estátua. Tudo era ele que pincelava, porque não tinha foto”, diz Loredano.
Não por acaso, sua produção é volumosa, ultrapassando os 50 mil desenhos, o primeiro deles publicado em 1902, no semanário “Tagarela”. “Ele trabalhou até 1950, até morrer. Morreu em cima da prancheta, onde passou a vida”, diz Loredano. QUANDO ter. a dom., das 11h às 20h; até 22/10 ONDE Instituto Moreira Salles Rio, r. Marquês de São Vicente, 476, Gávea, tel. (21) 3284-7400 QUANTO grátis; livre