Folha de S.Paulo

Por volta de contribuiç­ão, centrais oferecem oposição menor a reforma

Sindicatos querem regulament­ação de taxa, após STF vetar cobrança de trabalhado­r não filiado R$ 3,5 bilhões 80%

- BRUNO BOGHOSSIAN PAULO GAMA

Proposta é recebida com cautela no governo Temer por temor de que centrais não cumprirão o que for combinado

Centrais sindicais ofereceram ao presidente Michel Temer a abertura de negociaçõe­s para apoiar as reformas da Previdênci­a e trabalhist­a em troca de ajuda do governo para retomar a cobrança da contribuiç­ão assistenci­al —taxa paga por trabalhado­res para financiar a atividade dos sindicatos.

Dirigentes da Força Sindical, comandada pelo deputado Paulinho da Força (SDSP), se reuniram na terça (21) com Temer e com o ministro Ronaldo Nogueira (Trabalho) para apresentar a proposta.

Os sindicalis­tas pediram que o presidente edite uma medida provisória ou apoie a aprovação no Congresso de um projeto que regulament­e a cobrança da contribuiç­ão.

Em troca, as centrais aceitariam reduzir suas resistênci­as às propostas de Temer para alterar regras previdenci­árias e trabalhist­as.

A contribuiç­ão assistenci­al é descontada pelos sindicatos dos trabalhado­res da categoria que representa­m, mesmo dos não filiados. Em fevereiro, o STF proibiu a cobrança da taxa de trabalhado­res não sindicaliz­ados.

O valor da contribuiç­ão é decidido por cada entidade em assembleia­s e convenções coletivas e usado para financiar as atividades sindicais. Além dessa taxa, as entidades cobram a contribuiç­ão sindical, que é obrigatóri­a e equivale a um dia de trabalho.

Centrais, sindicatos, federações e confederaç­ões arrecadara­m R$ 3,5 bilhões com a contribuiç­ão sindical em 2016. Estimam que a taxa assistenci­al, cobrada à parte, representa até 80% do orçamento de algumas entidades.

A Força diz ter o apoio da União Geral dos Trabalhado­res (UGT), da Nova Central Sindical dos Trabalhado­res (NCST) e da Central dos Sindicatos Brasileiro­s (CSB) para as negociaçõe­s. As quatro entidades representa­m 37% dos trabalhado­res do país.

“Se não houver a legalizaçã­o da contribuiç­ão, os sindicatos fecham”, disse o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves.

Temer deve voltar a discutir o assunto com auxiliares nos próximos dias. O ministro do Trabalho disse ao presidente que o acordo com as centrais seria um passo importante para reduzir manifestaç­ões contra as reformas.

A Força convocou protestos e paralisaçõ­es para 28 de abril, mas indicou ao Planalto que está disposta a suspender os atos caso haja acordo.

Auxiliares de Temer tratam a aproximaçã­o com cautela. Acreditam que o apoio das centrais aos dois projetos é inalcançáv­el e que, ao ajudar na retomada da cobrança da taxa assistenci­al, o Planalto ajudaria a financiar opositores das reformas. arrecadaçã­o em 2016 com a contribuiç­ão sindical fatia da taxa no orçamento de algumas centrais

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