Folha de S.Paulo

Papa Francisco pode canonizar vítimas de massacre no RN

Mortes durante dominação holandesa no Nordeste, em 1645, são atribuídas à intolerânc­ia religiosa

- RENATA MOURA

Chacinas no Rio Grande do Norte deixaram cerca de 150 mortos, mas só 30 pessoas foram identifica­das FOLHA,

Em um “lugar deserto e sem habitações, situado a três léguas de Natal”, um homem identifica­do como Mateus Moreira exclamou, prestes a ter o coração arrancado pelas costas: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”.

Horas antes, na mesma região, uma menina de sete anos suplicava pela vida do pai, Estêvão Machado de Miranda. Mas não conseguiu demover os assassinos.

Não só o pai, como duas irmãs, acabaram mortos.

Eles estão entre as 30 vítimas identifica­das no episódio conhecido como massacre de Cunhau e Uruaçu, no Rio Grande do Norte, em 1645, época da dominação holandesa, e poderão ser oficialmen­te declarados santos neste ano.

O passo mais importante em direção a isso, a confirmaçã­o do papa Francisco, saiu na semana passada, 17 anos após terem sido beatificad­os pelo papa João Paulo 2º.

Em audiência concedida ao prefeito da Congregaçã­o das Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato, Francisco aprovou os votos favoráveis à canonizaçã­o, que é a inscrição no rol dos santos.

A expectativ­a agora é que a data da cerimônia seja divulgada em abril, diz o arcebispo de Natal, dom Jaime Vieira.

Para ele, a canonizaçã­o “é um momento de renovação espiritual, de revaloriza­ção dos valores cristãos”.

As vítimas são os primeiros mártires do Brasil. MASSACRES Os crimes foram registrado­s em 1645, durante a dominação holandesa no Nordeste do país, e tiveram como alvos

D. JAIME VIEIRA

Arcebispo de Natal as duas únicas comunidade­s paroquiais que existiam na região.

O episódio é descrito pelo monsenhor Francisco de Assis Pereira no livro “Beato Mateus Moreira e seus Companheir­os Mártires”.

Segundo a narrativa, os crimes foram praticados em um contexto de perseguiçã­o religiosa em que os invasores holandeses, que eram calvinista­s, não admitiam a prática da religião católica.

Os algozes teriam sido soldados holandeses e índios comandados por um alemão, a serviço da Holanda e identifica­do como Jacó Rabe.

As chacinas deixaram cerca de 150 vítimas, mas só 30 foram identifica­das.

Para serem declarados beatos e posteriorm­ente santos, três elementos são considerad­os, segundo a igreja: as virtudes em grau heroico, a fama de santidade e a realização de possíveis milagres.

“Mas o papa autorizou um processo mais simples, dispensand­o milagres, tendo em vista a antiguidad­e do martírio”, diz o arcebispo de Natal.

A Igreja não exige comprovaçã­o de milagres para a canonizaçã­o, mas ao menos 5.000 cartas foram enviadas à arquidioce­se atribuindo a eles “graças alcançadas”.

O papa autorizou um processo mais simples, dispensand­o milagres, tendo em vista a antiguidad­e do martírio

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