Deslizamento na Colômbia mata mais de 250
Catástrofe ocorreu em Mocoa, no sul do país, após forte chuva; governo declarou estado de calamidade pública
Há mais de 200 feridos e 200 pessoas estão desaparecidas; o presidente Juan Manuel Santos viajou ao local
Deslizamentos de terra deixaram neste sábado (1º) ao menos 254 mortos e centenas de feridos e desaparecidos em Mocoa, no sul da Colômbia.
Segundo a Cruz Vermelha do país, outras 202 se feriram e 200 estavam desaparecidas até a conclusão desta edição. O presidente Juan Manuel Santos decretou estado de calamidade pública devido à tragédia natural que, segundo ele, foi a pior em 25 anos.
Moradores da cidade, que fica a 630 km ao sul de Bogotá, afirmam que a chuva começou na noite de sexta já intensa, e chegou ao seu pico à 0h (2h em Brasília). Neste momento, as autoridades tocaram as sirenes de emergência para que os moradores deixassem suas casas.
Muitos deles, porém, não conseguiram escapar da enxurrada de sedimentos dos deslizamentos nas montanhas e que foi parar nos rios Mocoa, Sangoyaco e Mulatos, que atravessam a cidade e já haviam transbordado.
Com cerca de 40 mil habitantes, Mocoa está sem energia elétrica e abastecimento de água. A enxurrada destruiu a maior parte dos bairros do município, bem como as pontes que a ligam com o resto do país.
“Os moradores foram advertidos com antecedência e conseguiram sair, mas as casas praticamente sumiram do mapa”, disse o prefeito da cidade, José Antonio Sánchez, que também teve sua residência afetada. “Está destruída, tem barro quase até o teto”.
“É uma tragédia sem precedentes, [há] centenas de famílias que ainda não encontramos, bairros que desapareceram”, afirmou a governadora de Puntamayo, Sorrel Aroca, a uma rádio local.
Devido à quantidade de feridos, os hospitais da região entraram em colapso pela falta de remédios e insumos como esparadrapos, luvas e elementos cirúrgicos.
O governo colombiano enviou de Bogotá 190 soldados, 150 policiais e 80 agentes da Defesa Civil para ajudar nas buscas pelos desaparecidos.
As autoridades também mandaram equipamentos médicos, ajuda humanitária, carros-pipa e estações de tratamento de água. A ONU também ofereceu ajuda humanitária ao governo colombiano.
O presidente visitou a cidade pela manhã. Em entrevista depois de conversar com os moradores, disse que a chuva da noite foi de 130 mm, quase um terço do esperado para todo o mês. “Isso parte o coração, por isso o que estamos fazendo é visitar essas famílias e dizer que aqui estamos.”
Ele anunciou também o pagamento de 250 mil pesos (R$ 280) de aluguel social por três meses às cerca de 300 mil famílias que perderam suas casas. A Igreja Católica e canais de TV abriram campanhas para arrecadar mantimentos. EL NIÑO Mocoa é uma das áreas afetadas pelo fenômeno El Niño, que esquenta as águas do oceano Pacífico e aumenta a intensidade das chuvas em toda a costa noroeste da América do Sul.
Três semanas atrás, quase cem pessoas morreram em enchentes em quase toda a costa do Peru, incluindo a capital Lima.