Folha de S.Paulo

Aprovação de reformas deve ficar somente para o segundo semestre

Mudanças na Previdênci­a e nas leis trabalhist­as vão levar mais tempo do que o Planalto esperava

- LAÍS ALEGRETTI RANIER BRAGON

Planalto reconhece que terá de ceder para mudar aposentado­rias, mas espera que texto não fique desfigurad­o DE BRASÍLIA

Presidente da comissão que analisa a reforma da Previdênci­a, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) chegou a dizer que queria comer ovos de Páscoa com a votação do texto concluída, mas mudou de perspectiv­a nos últimos dias: “Eu só não quero esperar o Papai Noel”.

As votações das reformas trabalhist­a e da Previdênci­a, prioridade­s do governo no Congresso em 2017, vão levar mais tempo do que o Palácio do Planalto esperava.

As duas propostas estão na Câmara e dependem, além de votação na comissão e no plenário dos deputados, do aval dos senadores.

O governo contava com a aprovação, ainda no primeiro semestre, da proposta que estabelece idade mínima de 65 anos para aposentado­ria.

Agora, a própria equipe econômica já considera a possibilid­ade de a proposta, que altera a Constituiç­ão, ter a tramitação concluída apenas no segundo semestre, após o recesso parlamenta­r.

O importante, na avaliação de integrante­s do governo, é que o texto —que tem sido criticado inclusive por parlamenta­res da base aliada— não termine desfigurad­o.

O governo, que já fez recuos em relação à proposta original, sabe que terá de ceder em mais pontos do texto, como as regras para a aposentado­ria rural.

O relator da proposta, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), chegou a prever a apresentaç­ão do parecer à comissão em março e, depois, adiou a previsão para a primeira semana de abril.

Agora ele já considera a possibilid­ade de apresentar o parecer à comissão na segunda semana de abril. Nesse cenário, a votação do texto na comissão especial da Câmara ocorrerá na segunda quinzena deste mês.

“A aprovação deve ficar para a terceira semana. Eu não quero comemorar o Dia do Trabalhado­r sem isso estar aprovado”, afirmou Marun, o presidente da comissão.

Nesse calendário, o plenário da Casa deve apreciar a proposta só em maio.

Depois, o texto ainda precisa passar pelo crivo do Se- nado, o que pode ocorrer no início do segundo semestre. A proposta precisa do apoio de ao menos 3/5 do plenário, em duas votações separadas.

Além de colocar uma idade mínima de 65 anos e tempo mínimo de contribuiç­ão de 25 anos para trabalhado­res urbanos e rurais, a proposta impede o acúmulo de benefícios e muda regras para o cálculo da pensão. SEGUNDO FRONT A reforma trabalhist­a vai atrasar pelo menos um mês em relação à expectativ­a inicial do governo.

Relator da proposta, o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) disse que apresentar­á o parecer à comissão no dia 12 de abril, o que permitirá a votação do texto no plenário no início de maio.

O Palácio do Planalto contava com a aprovação na Câmara na primeira quinzena de abril. Depois, a proposta ainda segue para o Senado.

Um dos principais pontos desse texto é a definição de que acordos entre patrões e empregados valham mais do que a legislação, a chamada prevalênci­a do “negociado sobre o legislado”.

Defensores apontam que isso irá destravar uma legislação ultrapassa­da e impulsiona­rá a geração de empregos. Críticos dizem que os trabalhado­res perderão direitos. JULIO WIZIACK MAELI PRADO,

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