Aliados querem que PMDB assuma ônus de votações
DE BRASÍLIA
Líderes e ministros da base aliada levaram ao Planalto reclamações sobre o comportamento do PMDB diante das reformas apresentadas pelo governo Michel Temer —em especial a da Previdência.
Políticos de siglas como PSDB, DEM, PP, PR e PRB cobram um compromisso público do partido de Temer em favor dos projetos de interesse do Planalto.
Integrantes da base de Temer dizem que o PMDB não tem demonstrado “unidade” pela aprovação de projetos como o da terceirização e nas discussões da reforma da Previdência, o que poderia estimular traições em outros partidos da coalizão governista.
“Para cobrar coesão de sua base, o governo tem de pacificar primeiro o partido do presidente”, disse Efraim Filho (PB), líder do DEM na Câmara.
Ministros e líderes aliados rejeitam assumir o ônus de aprovar reformas consideradas impopulares enquanto o PMDB tiver divisões explícitas em sua própria bancada.
A base aliada reclama, especialmente, do comportamento do PMDB na votação da terceirização na Câmara, no dia 22 de março. Na ocasião, só 33 dos 64 deputados do partido votaram a favor do texto. Vinte deputados nem apareceram no plenário.
O deputado Pedro Paulo (RJ), primeiro vice-líder do partido, reconhece a dificuldade. “O PMDB é um partido diverso, de centro. Não dá para achar que todos vão votar mecanicamente, sempre haverá taxa de infidelidade.”
O peemedebista diz que a sigla vai entregar os votos para aprovação dos projetos de interesse de Temer, mas ressalta que a vitória dependerá de esforço do governo. “Na reforma da Previdência, vai ser uma situação mais grave. Terá que ter uma contagem soldado a soldado.”
Aliados temem ainda que a Câmara se desgaste com a reforma da Previdência e que, depois, o texto trave no Senado, por pressão de Renan Calheiros (AL) e outros pemedebistas.
Na semana passada, Renan e mais oito senadores da sigla divulgaram críticas ao texto da terceirização.
Líderes da base na Câmara passaram a exigir do Planalto garantias de que a relação com o PMDB do Senado será pacificada antes de votar a Previdência. (BRUNO BOGHOSSIAN E RANIER BRAGON)