Folha de S.Paulo

Em cima da hora Justin Bieber faz show em SP com lugares vazios e sem espontanei­dade

Canadense de 23 anos, que também se apresenta neste domingo, exibe compilado da carreira

- CHICO FELITTI

Cantor e dançarino usa parafernál­ias no palco, projeções, frases prontas e outros truques para levar seus fãs ao delírio FOLHA

Às 20h30 em ponto, o Allianz Parque em São Paulo ouviu os primeiros acordes de “Mark My Words”. É um mistério da ciência como a caixa de vidro que elevou Justin Bieber, 23, de um alçapão ao palco não trincou com o berro de dezenas de milhares de adolescent­es.

Já em uma das primeiras músicas, “Where Are You Now?”, o cantor canadense mostra a que veio: é afinado, sabe dançar e tem um cabedal de truques e frases prontas para levar multidões ao delírio.

O estádio estava com espaços vazios e cambistas se queixavam, dizendo que morreram com ingressos na mão por falta de demanda. Mas a quase lotação se fazia ouvir. O número total de entradas vendidas não foi divulgado.

E as fãs devem ter saído satisfeita­s. O show compilou o repertório do cantor e não se limitou ao último álbum, “Purpose”. Canções de todas as fases foram tocadas. “I’ll Show You”, “No Pressure”, “Sorry”. Estiveram todas lá.

Houve momento intimista, com voz (sim, ele tem voz, e não é ruim) e violão, com “Love Yourself” e mais duas canções. Tudo certo, nada errado.

A apresentaç­ão é uma formula muitíssimo bem executada, mas cuja soma é zero. Zero espontanei­dade, zero paixão, zero verdade artística. Alguém, por favor, belisca o Bieber para ter certeza que não se trata de um andróide?

Até porque um robozinho ornaria com a estrutura do espetáculo. Um palco cheio de parafernál­ias como plataforma­s que se elevam, andaimes para o afiado corpo de dança se pendurar é um telão com projeções (de Justin, quem mais?) de tirar o fôlego das fãs.

Ele não cuspiu no prato que o nutriu ao ponto de ser uma das maiores estrelas do mundo.

Ofereceu versões pouco adaptadas de seus sucessos “Baby” e “Boyfriend”, mais melosas e simplonas do que os hits eletrônico­s atuais, que parecem ter sido gravadas duas décadas atrás e não em 2014 e 2012, respectiva­mente.

É o mercado do entretenim­ento em carne e osso. Bieber saiu dos cueiros já fazendo o moonwalk e soube como reinventar sua carreira de uma década e pouco algumas vezes, se associando ao produtor, DJ ou rapper da vez.

Por mais que falte tesão no seu desempenho, Justin não transparec­e no palco o desprezo que já demonstrou xingando e socando fãs. Sabe o que cada um quer dele de verdade quando segura a camiseta e anda com a cueca de fora.

Uma hora e meia depois de abrir o gogó, Bieber encerrou sua primeira apresentaç­ão QUANDO neste domingo (2), às 20h ONDE Estádio Allianz Parque (r. Turiassu, 1.840, São Paulo QUANTO de R$ 125 a R$ 750, na bilheteria ou em pontos de venda (premier.ticketsfor­fun.com.br) CLASSIFICA­ÇÃO 14 anos (de 8 a 13 anos, acompanhad­os dos responsáve­is legais)

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