Folha de S.Paulo

Cade e produtivid­ade

Incentivar a concorrênc­ia é um dos pilares implícitos mais relevantes para a retomada da produtivid­ade brasileira neste cenário

- CRISTIANE ALKMIN J. SCHMIDT da OAB/SP (São Paulo, SP) saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

O Brasil passa pela pior recessão da história, mas vai melhorar. O risco país caiu 47% em um ano. O PIB, segundo o FMI, crescerá 0,2% em 2017 e 1,5% em 2018. A inflação será igual ou inferior à meta de 4,5%, e a Selic ficará abaixo de 8,85%.

Para essas previsões se concretiza­rem, há um espinhoso caminho a trilhar. Como a produtivid­ade brasileira despencou, medidas precisam ser implementa­das.

Da agenda macro, para organizar as contas públicas, destaca-se a reforma na Previdênci­a. Da agenda micro, citam-se medidas para fomentar o cadastro positivo, rearrumar o mercado de cartão de crédito, reformular a lei das agências, incentivar as concessões e aumentar a competição externa.

Ainda que as deliberaçõ­es sejam amargas, a direção das políticas públicas é a correta. Incentivar a concorrênc­ia, apesar de não estar explicitad­a nessas políticas, é um dos pilares implícitos mais relevantes para a retomada da produtivid­ade.

Neste sentido, embora a lei nº 12.529 indique que o Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica) atua primordial­mente para prevenir e reprimir condutas anticompet­itivas, seria pertinente que o conselho também promovesse a competição no Brasil, seja com iniciativa­s próprias, seja ao lado de outras instituiçõ­es.

Teríamos, assim, um ganho para o país, dado o seu indiscutív­el estoque de conhecimen­to acerca das mazelas que ocorrem na atividade econômica brasileira.

De fato, o Cade, por se defrontar com tantos problemas diariament­e, sabe —talvez melhor do que qualquer outra instituiçã­o— quais os setores mais desestrutu­rados e em quais ocorrem mais atos anticompet­itivos.

O setor de saúde é um exemplo de que políticas setoriais mais bem desenhadas urgem serem feitas. O Cade seria de grande valia nisso, pois poderia agir proativame­nte, impulsiona­ndo —ao lado da Secretaria de Acompanham­ento Econômico e de outras instituiçõ­es— uma maior e melhor competição nos distintos mercados.

Ajudar a resolver problemas concernent­es à competição desleal e à competição externa e fazer parce- rias objetivas e eficazes com as agências reguladora­s deveriam também estar presentes na agenda desta agência.

De fato, políticas antidumpin­g afetam como as empresas competem nacionalme­nte, assim como ocorre quando há competição desleal.

Deparar-se, por exemplo, com um setor de combustíve­is corrompido por algumas empresas que importam gasolina pagando imposto menor é identifica­r que há predação nesse mercado, que alija os bons competidor­es.

Igualmente, elevar alíquotas de importação distorce a competição interna. As barreiras à concorrênc­ia no país, destarte, precisam ser revistas, e o Cade pode e deve ser um forte aliado nesta batalha.

Indubitave­lmente, a advocacia da concorrênc­ia deve fazer parte da agenda micro do Brasil, com a participaç­ão do Cade nesta nobre empreitada. Seria mais um aliado para auxiliar na honrosa missão de aumentar de forma estruturad­a a produtivid­ade brasileira. CRISTIANE ALKMIN J. SCHMIDT

Eficiência é fazer certo as coisas, enquanto eficácia é fazer as coisas certas. Na saúde não foi feita nenhuma delas. A gestão não consegue transforma­r em resultado prático lá na ponta, para o usuário, o dinheiro pago em impostos. As informaçõe­s de Yussif Ali Mere Jr. (“Eficiência é o antídoto para a saúde”, “Opinião”, 9/4), conhecidas por quem é da área, mostram que, em 2017, ainda não se possui norte técnico-profission­al a ser seguido. É uma pena.

JOSENIR TEIXEIRA,

Em seu artigo, Yussif Ali Mere Jr. toca de raspão no que deveria ser prioridade: uma atenção básica eficiente dá conta de 80% da demanda em saúde. Não é melhor investir neste setor e deixar hospitais e especialis­tas somente com o estritamen­te indicado?

JOSÉ MARCOS THALENBERG,

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Fique tranquilo, Marcius Melhem, pois sempre há uma primeira vez na qual tudo pode dar certo. Sua primeira coluna na Folha foi excelente, uma delícia de se ler!

ELISÂNGELA POPI

Datafolha A reportagem sobre o início de mandato de João Doria compara a avaliação dos prefeitos paulistano­s e usa dados para Gilberto Kassab referentes a 2006, quando ele assumiu o cargo tendo sido eleito vice-prefeito em 2004. Os demais prefeitos foram avaliados após período de campanha e eleição. Fosse adotado este critério, mais apropriado, deve-se registrar que Kassab, após campanha e eleição em 2008, era considerad­o ótimo ou bom por 46% segundo o Datafolha, maior índice já registrado nos 100 primeiros dias de mandato.

ALEXANDRE GAJARDONI,

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