Presença menor em eleição interna expõe crise e preocupa cúpula do PT
Neste domingo (9), membros da sigla escolheram dirigentes municipais e delegados estaduais
Balanço preliminar aponta participação de metade do número de eleitores em relação ao pleito anterior, de 2013
A crise interna do PT foi expressa em números neste domingo (9), data da primeira etapa para eleição do novo comando do partido.
Segundo estimativa preliminar da cúpula da sigla, cerca de 200 mil militantes participaram da escolha de seus dirigentes e delegados municipais. Esse total representa menos da metade do número de votantes do PED (Processo Eleitoral Direto) de 2013 —quando, pouco antes da explosão da Operação Lava Jato, o quorum foi de 420 mil.
Na capital paulista, por exemplo, foram 14,3 mil eleitores neste domingo, uma redução de um terço em relação aos mais de 21 mil votantes de 2013.
Em Belo Horizonte, foram 1.092 eleitores. Nos anos anteriores, a presença superou 4.500 votantes.
Os números nacionais da participação dos petistas na votação ainda eram computados até a noite de domingo, mas dirigentes já consideram a redução expressiva.
Uma das justificativas apontadas pelo partido é que em 2013, para a escolha da atual direção, houve uma eleição geral. Em 2017, o processo foi desmembrado, o que pode ter influenciado na redução de eleitores.
Essa etapa da eleição define os diretórios municipais, os presidentes municipais e os delegados estaduais em todoopaís.
Em maio, os delegados estaduais recém-eleitos escolherão diretórios e presidentes estaduais. Eles também elegerão os delegados do congresso de junho, quando será escolhido o novo comando nacional do PT.
A futura direção é a que comandará o partido nas eleições presidenciais de 2018. O mandato será de dois anos. LULA O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva votou no candidato de sua corrente, a CNB (Construindo um Novo Brasil), na sede do PT em São Bernardo do Campo (SP).
Irmão do ex-ministro Luiz Marinho, Brás Marinho concorreu à presidência do partido no município.
Lula não quis dar declarações à imprensa.
O PT tem 1,58 milhão de filiados. Para ter direito a voto, eles teriam que pagar sua contribuição partidária até o dia 20 de março. Do contrário, não poderiam votar.
Candidato à presidência do PT, o senador Lindbergh Farias (RJ) foi um dos que não puderam votar. Ele diz ter pagado sua contribuição no dia 28. “Ninguém me avisou”, queixou-se.
Três integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) foram baleados na manhã deste domingo (9) em uma fazenda em Capitão Enéas (MG).
Desde janeiro, cerca de 650 famílias ocupam a Fazenda Norte América, que tem o tamanho equivalente a 3 mil campos de futebol. Ela pertence à família de Leonardo Andrade, ex-secretário de Agricultura de Montes Claros.
Segundo relato do MST, as famílias foram até a sede para uma reunião com o administrador e foram recebidas com tiros disparados de um carro com cerca de dez homens armados na carroceria.
Segundo o MST, as vítimas afirmam que o empresário Leonardo Andrade estava dirigindo o carro. A Folha não conseguiu contato com ele.
Segundo Renato Santos, do MST, havia uma negociação em curso para a fazenda ser destinada à reforma agrária. As vítimas foram encaminhadas para hospitais em Capitão Enéas e Montes Claros, mas não correm risco de morte.
Três pessoas foram atingidas: Géssica Thais Gonçalves Freitas, 24, Fabrício Alvins Lima, 31, e Vildomar Oliveira Gomes, 31. Outras quatro pessoas receberam tiro de raspão, incluindo uma criança de 10 anos, atingida no rosto.
Segundo a Polícia Militar de Capitão Enéas, dois funcionários da fazenda foram presos.