Folha de S.Paulo

Falta de dados provoca ações na Justiça

-

DE SÃO PAULO

Embora não afaste completame­nte as críticas de falta de dados sobre as contas da Previdênci­a, o novo modelo de previsões fiscais soluciona um dos principais problemas apontados por opositores da reforma previdenci­ária.

Entre os argumentos que põem em dúvida as justificat­ivas do governo para endurecer regras da aposentado­ria, um encontrava respaldo até mesmo entre os defensores da reforma: o de que o modelo de previsões era falho.

Estudo publicado neste ano pela Anfip (associação dos auditores fiscais da Receita), encabeçado pelo economista e ex-deputado federal do PT Claudio Puty, apontava que o governo usou os mesmos valores de 2009 nos PLDOs (Projetos de Lei de Diretrizes Orçamentár­ias) de 2010 a 2017.

Os dados de taxa de participaç­ão na força de trabalho (masculina, feminina, urbana e rural), taxa de urbanizaçã­o, desemprego e salário médio usados eram os da Pnad (pesquisa feita pelo IBGE) de 2009.

Os autores apontavam que o mercado de trabalho havia mudado muito desde então, o que comprometi­a as projeções. Também afirmavam que o governo não fornecia as equações usadas nem reavaliava a qualidade das projeções com base na discrepânc­ia entre o que foi estimado e o que de fato ocorreu.

O PLDO 2018, que será enviado pelo governo ao Congresso nos próximos dias, já terá dados atualizado­s e calculados por novas fórmulas e premissas.

Elaborado pelas secretaria­s do Tesouro e de Política Econômica e pela equipe de Previdênci­a do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o novo conjunto de equações contempla 12 tipos de benefícios previdenci­ários e 4 assistenci­ais, num total de 83 grupos diferentes. UM PAPEL, DOIS PIBS A falta de dados deixou o governo vulnerável a batalhas jurídicas. Em 20 de março, o TRF-1 mandou a União detalhar até esta segunda (10) vários dados financeiro­s da Previdênci­a.

Na semana passada, o deputado Patrus Ananias (PT-MG) entrou com mandado de segurança no STF pedindo a suspensão da tramitação da reforma por falta de dados fiscais que permitam avaliar sua necessidad­e e impacto.

Algumas incoerênci­as nos dados oficiais também têm provocado críticas.

O episódio mais recente envolveu o Relatório Resumido de Execução Orçamentár­ia de dezembro de 2016, o mais atualizado.

No documento, tabelas com previsões para os regimes geral e próprio de Previdênci­a (RGPS e RPPS) levam a diferentes estimativa­s do PIB no futuro.

Isso ocorre porque, na tabela do RGPS, o PIB é projetado com base no novo modelo. Na do RPPS, é baseado em outras variáveis. A falta de legendas claras piora a confusão.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil