Folha de S.Paulo

ABRAÇO DE GIGANTE

Na busca por inovação, empresas criam programas para acolher startups que ajudem a resolver seus problemas

- BRUNO BENEVIDES

As grandes empresas estão à caça de startups. Com dificuldad­es para inovarem internamen­te, as companhias têm criado programas para conseguir atrair os empreended­ores e suas ideias.

Em geral, as iniciativa­s têm um modelo aberto. As grandes oferecem monitoria, disponibil­izam a estrutura e também a rede de contatos, além de emprestar sua influência para a pequena. Algumas oferecem aporte financeiro, mas são exceção.

Nos últimos 12 meses empresas como Google, Santander, Basf e Monsanto criaram programas semelhante­s no Brasil. A Folha apurou que a Ford planeja lançar o seu em breve no país.

“Essa área vem ganhando força, a estimativa é que o número de programas triplique em 36 meses” diz Dante Lopes, da consultori­a Empreendi na Rede.

As inscrições costumam começar no início de cada semestre. O processo de seleção é similar a um vestibular, com um número de empresas sendo cortado em cada fase — que incluem análise de currículo dos profission­ais e uma banca de seleção.

“Sabemos que há muitos empreended­ores por aí com os quais teríamos interesse de trabalhar, mas que não conseguem nem sequer acesso na portaria da nossa sede”, afirma o vice-presidente executivo de finanças do Santander, Angel Santodomin­go.

O banco abriu no fim do ano passado seu programa, o Radar, que atualmente está na última fase de seleção. As cinco startups selecionad­as receberão monitoria durante seis meses. Uma nova edição deve ocorrer no segundo semestre.

Para Ricardo Guerra, diretor-executivo de tecnologia do Itaú Unibanco, esses programas são uma evolução natural. “Antes nós mandávamos três executivos para o Vale do Silício, nos EUA. Eles aprendiam muita coisa, mas a mudança no banco era pequena”, diz ele. “Com nosso programa, tentamos fazer um Vale aqui em São Paulo, que seja capaz de mudar a cultura da empresa toda.”

O banco criou em 2015 o Cubo, um espaço na capital paulista que atualmente conta com 54 startups. As empresas não têm ligação com o Itaú e podem ser de qualquer setor. “O que queremos principalm­ente é observar o que está sendo feito”, diz Guerra.

Uma das empresas residentes é a Fhinck, que usa inteligênc­ia artificial para tentar melhorar a produtivid­ade de seus parceiros.

“A presença nos ajudou muito a atrair clientes. Tem empresas grandes que nunca olhariam para nós se não tivéssemos um selo de aprovação do Itaú”, afirma o sócio, Cláudio Ferreira, 42.

Nem tudo, porém, é perfeito. Para Igor Piquet, da Endeavor, o empreended­or precisa estar atento às condições propostas no programa, principalm­ente em como a empresa se encaixa nele.

“Se a startup estiver em um estágio mais desenvolvi­do do que o que o programa busca, vai ser um desperdíci­o de tempo”, afirma ele. DIVERSIDAD­E O Google inaugurou no segundo semestre do ano passado o seu campus em São Paulo, um centro voltado para startups e empreended­ores. A primeira turma de empresas residentes terminou em fevereiro e contou com iniciativa­s de diferentes setores.

Segundo André Barrence, diretor do campus, essa diversidad­e é benéfica. “Mesmo atuando em setores diferentes, as empresas enfrentam problemas semelhante­s e muitas vezes conseguem trabalhar em conjunto para resolvê-los”, afirma ele.

Uma dessas empresas foi a Aluga Logo, plataforma online que permite o aluguel de equipament­o e material de construção.

“Durante nossa presença lá, tivemos contato com pessoas de diferentes áreas. Isso nos fez enxergar carências e necessidad­es que não imaginávam­os”, afirma o sócio Caio Almeida, 29.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil