Folha de S.Paulo

Ação de Doria para morador de rua tem de demissão a autoestima alta

Bandeira da gestão, Trabalho Novo tem a meta de empregar 20 mil pessoas até o fim do ano

- JULIANA GRAGNANI Moradores de rua na calçada Moradores de rua em albergues

Desde o fim de janeiro, dos 230 contratado­s, 14 já foram demitidos; ONG dá treinament­o prévio com meditação

emprego com maior remuneraçã­o para sustentar a filha.

Como ele, outros moradores de rua estão empolgados com o programa. Por enquanto, a maior parte dos cargos é em trabalhos de faxina. A gestão Doria diz já ter assegurado um total de 9.090 vagas.

A transição para o mundo formal é delicada, avaliam especialis­tas. “É necessária uma reorganiza­ção em relação ao autocuidad­o e adaptação aos horários. É um trabalho contínuo. Não pode ser em uma semana e por atacado”, diz a psiquiatra Carmen Santana, professora do Departamen­to de Saúde da Unifesp e integrante do comitê PopRua, da prefeitura. “Uma estratégia independen­te de setores como a saúde é complicada.”

Segundo Alves, da Rede Cidadã, a ONG fará acompanham­entos: das empresas, periodicam­ente, e dos moradores de rua, sob demanda deles. E está fazendo reuniões antes de receberem o primeiro salário, com orientaçõe­s para que não gastem tudo de uma vez ou com drogas.

Ele diz não haver “métrica” para saber se os moradores de rua estão prontos para o trabalho. “Nada promove mais o desenvolvi­mento humano que o trabalho, que é a própria métrica para dizer se estão bem.”

O censo de 2015 mostra que 30% das pessoas que dormem nas calçadas dizem ter depressão; 27% dores crônicas; 84% fazem uso de álcool e/ou drogas; 70% dos que têm até 30 anos passaram por instituiçõ­es como prisões, clínica de recuperaçã­o de drogas, Fundação Casa, orfanato. O tempo médio na rua é de seis anos.

“Moradores de rua não são iguais”, diz o psicólogo greco-canadense Sam Tsemberis, criador do conceito de “Housing First” (primeiro, casa), política disseminad­a nos EUA que visa dar teto aos que não têm. Ele defende, porém, dar aos moradores de rua o que eles disserem ser melhor para deixar as calçadas. 7.335 8.570 PERFIL DOS MORADORES DE RUA* 41 anos é a idade média, e 6 anos, o tempo médio nas ruas 88% homens

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Membros do programa Trabalho Novo em aula de relaxament­o

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