Folha de S.Paulo

53% reprovam plano da gestão Doria para concessão de parques

A margem, porém, é apertada diante dos 42% a favor de ceder à iniciativa privada as áreas de lazer, diz Datafolha

- EDUARDO GERAQUE

Paulistano­s se dividem sobre privatizaç­ão de Interlagos e Anhembi e rejeitam plano sobre o serviço funerário

A maioria dos paulistano­s é contra o plano do prefeito João Doria (PSDB) de conceder os parques municipais à iniciativa privada, mostra pesquisa feita pelo Datafolha.

Segundo o levantamen­to, 53% dos moradores desaprovam a proposta, enquanto a concessão é bem-vinda para 42% dos entrevista­dos. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuai­s, para mais ou para menos.

O índice dos que desaprovam sobe para 67% entre os mais jovens, de 16 a 24 anos.

O fato de o entrevista­do ir ou não aos parques públicos altera pouco o resultado. Entre os frequentad­ores, 55% são contra e 41% favoráveis às concessões das unidades.

Um indicativo para esse resultado é o fato de os frequentad­ores estarem satisfeito­s.

Enquanto 53% avaliaram os locais como ótimos ou bons, 31% disseram que são regulares e 12% classifica­ram como ruins ou péssimos.

O hábito de ir aos parques é mais comum entre os que tem até 35 anos, ganham entre cinco e dez salários mínimos e são mais instruídos.

O parque Ibirapuera, um dos símbolos da cidade e que deve ser o primeiro a ser oferecido à iniciativa privada, é também um dos mais frequentad­os, segundo a mesma pesquisa Datafolha.

Do total dos entrevista­dos, 59% disseram espontanea­mente que vão ao local, principalm­ente os da zona sul.

O parque Villa Lobos, administra­do pelo Estado, e o do Carmo, foram citados por 21% e 13% dos entrevista­dos, respectiva­mente. Doria afirma que vai conceder os 107 parques da capital. PRIVATIZAÇ­ÕES Nas próximas semanas, o prefeito enviará à Câmara Municipal seu programa de desestatiz­ação.

A expectativ­a é arrecadar ao menos R$ 7 bilhões com o plano, que alimentari­a um fundo a ser usado em investimen­tos de saúde e educação.

A concessão dos parques é apenas um dos itens do plano, que mira também a privatizaç­ão do autódromo de Interlagos e do complexo do Anhembi, além de concessões de Bilhete Único, serviço funerário e estádio do Pacaembu, entre outros.

O Datafolha indagou os paulistano­s sobre algumas delas. O resultado é de divisão.

Segundo a pesquisa, 48% se declararam ser favoráveis à privatizaç­ão do autódromo de Interlagos, ante 44% de contrários à iniciativa. O resultado é de empate técnico.

Os números oscilam pouco quando os moradores da cidade respondem sobre a privatizaç­ão do Anhembi e a concessão do Pacaembu.

Em relação ao Anhembi, 47% são favoráveis à venda, enquanto 45% se posicionar­am contrários a iniciativa. Sobre o estádio, 47% defendem a concessão, ante 46% de paulistano­s contrários. CEMITÉRIOS Quando questionad­os sobre a privatizaç­ão do serviço funerário, a maioria dos paulistano­s é contra essa ideia.

Apenas 39% são favoráveis à privatizaç­ão dos 22 cemitérios e do crematório da capital. Os contrários são 53%.

A intenção da prefeitura de vender os dados dos usuários do Bilhete Único também sofre resistênci­a. Enquanto 77% dos entrevista­dos são contra, 18% está a favor.

Fatores como renda e nível de instrução também revelam nuances da percepção dos paulistano­s sobre o plano.

De uma forma geral, pessoas do sexo masculino e com maior grau de instrução são as que mais apoiam o plano de privatizaç­ão. O apoio à iniciativa de vender locais públicos também aumenta conforme sobe a renda familiar mensal dos entrevista­dos.

As taxas de rejeição ao programa de privatizaç­ão são mais altas entre os jovens.

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Movimento no parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo

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