Folha de S.Paulo

Doria vive impasse em ataque do MBL a secretário de Educação

- IGOR GIELOW

O MBL (Movimento Brasil Livre) resiste à trégua proposta pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), após o episódio em que o grupo entrou em choque com o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider (PSD).

Na semana passada, Schneider postou no Facebook crítica à ação do vereador Fernando Holiday (DEM), um dos líderes do MBL, que havia visitado uma escola para denunciar o que chama de doutrinaçã­o ideológica à esquerda feita pelos professore­s.

O sindicato da categoria atacou Holiday, e o secretário endossou a crítica, afirmando que não era correto “intimidar professore­s”. O MBL retrucou, Schneider pediu demissão, mas Doria, por ora, conseguiu demovê-lo de sair, como a Folha revelou no sábado (8).

Emissários do tucano procuraram líderes do MBL para tentar uma acomodação, e o prefeito diz que o episódio está superado. “Eu entendi que todos ali cometeram pequenos excessos e houve um estresse. Mas já superaram com diálogo, com entendimen­to”, disse à Folha (leia a entrevista do prefeito na página A14).

Não parece ser bem o caso. “Está tudo em aberto. O secretário foi sórdido com o Fernando, que não é um vereador qualquer. Ele comprou uma mentira do sindicato e ficou dodói. Se não sabe brincar, não desce para o playground”, disse Renan dos Santos, coordenado­r do MBL.

“Ele [Schneider] nunca se retratou. Os diretores das escolas confirmara­m que não houve intimidaçã­o alguma, e eu vou continuar ouvindo denúncias de pais e fazendo visitas”, disse Holiday.

Ausente em reunião do primeiro escalão de Doria neste sábado, o secretário não foi localizado nem respondeu as mensagens. “Queremos uma retratação”, diz o vereador. IMPASSE O episódio evidencia um impasse para Doria. O MBL, grupo fundado em 2014 e que foi instrument­al nas manifestaç­ões que ajudaram a pressionar pelo impeachmen­t de Dilma (PT), apoia o prefeito e já o lançou à Presidênci­a.

O movimento é um dos maiores “influencia­dores digitais” das redes sociais, ou seja, grupo com grande número de compartilh­amento de suas postagens. Isso não passa despercebi­do pelo time de Doria.

Por outro lado, membros de sua equipe consideram que o MBL exagerou no episódio com o secretário e que, a despeito da intenção contempori­zadora de Doria, há espaço para que o radicalism­o do grupo gere rejeição ao prefeito entre segmentos mais escolariza­dos da população.

O MBL dá de ombros a essa avaliação. “Para quem enfrentou o PT, tucano é sobremesa, ainda mais tucanos de bico vermelho”, diz Santos, que rejeita qualquer filiação ao tucanato. Ele diz que o grupo não considera retirar, por ora, o apoio a Doria.

“Defendemos ideologica­mente o prefeito, o que ele representa. Mas ainda temos de discutir esse episódio”, afirma. Para Holiday, “o prefeito está tentando resolver o problema”, mas “as relações ficam estremecid­as”.

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