Nível de intensidade é uma combinação de mortes e ferimentos
O presidente americano Donald Trump, que prometeu ser duro face ao terrorismo, especialmente o do Estado Islâmico, criou uma pequena tempestade nos meios acadêmicos com suas posições extremadas.
Ironicamente, a eleição de Trump coincidiu com um artigo publicado na revista “Science”, em que quatro especialistas de diferentes áreas propõem uma estratégia para a pesquisa do terrorismo, com ênfase na cooperação governo-academia.
O artigo foi escrito por Scott Atran e Robert Axelrod, ambos da Universidade de Michigan, Baruch Fischhoff da Universidade Carnegie Mellon e Richard Davis, exassessor da Casa Branca, hoje na Universidade de Oxford.
“Aspectos fundamentais do terrorismo permanecem obscuros: o que identifica os terroristas antes de agirem; como se radicalizam; o que motiva sua violência; quando agem; que contramedidas são mais eficazes?”, perguntam os pesquisadores.
Eles defendem uma pesquisa de campo teoricamente informada, que inclua todas as disciplinas e seja vinculada à formulação de políticas estatais —com cuidado para preservar a independência acadêmica dos investigadores.
“Um progresso melhor para informar e testar hipóteses é possível usando dados de campo, coletados de forma cientificamente confiável de terroristas, seus apoiadores e nas populações em que vivem”, dizem Atran e colegas.
No deserto de dados sobre como funcionam os grupos terroristas há espaço de sobra para elucubrações. De modo simplista, dizem os autores, muitos acreditam que a radicalização pode surgir da pobreza, falta de educação, marginalização, ocupação militar estrangeira e fervor religioso.
Uma linha de pesquisa mais acessível é estudar “como as pessoas realmente se Concentração e intensidade altas Concentração e intensidade baixas envolvem em redes terroristas —por exemplo, como elas se radicalizam e são recrutadas, passam à ação ou abandonam a causa”, dizem os cientistas.
Segundo os especialistas, a juventude, maior parte dos recrutas terroristas atuais, é um dos principais pontos no qual a pesquisa deve se focar.
“Para prevenir o terrorismo, precisamos de pesquisa sobre prevenção, promovendo O período engloba a maior parte do regime militar no Brasil (de 1964 a 1985), quando ocorreram atentados por grupos da esquerda armada no campo (guerrilha rural) e cidades (guerrilha urbana) o desenvolvimento positivo da juventude através de possibilidades concretas para realizar as esperanças e os sonhos dos jovens”, afirmam.
“Para serem mais bem-sucedidos na luta contra o terrorismo, os governos devem observar como se pode construir capacidade de pesquisa adequadamente financiada, independente da interferência governamental e fundamentada na coleta, verificação e análise sistemática de dados desprovidos de política”, diz Atran.
Segundo Fischhoff, da Carnegie Mellon, as dificuldades para isso são grandes, considerando as diversas especialidades necessárias e a falta de oportunidades e incentivo.
Mesmo os EUA, país interessado no tema, não gastam muito com a pesquisa social do terrorismo. O financiamento do Departamento de Defesa para as ciências sociais não tem sido maior do que 2% do seu orçamento anual entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões para pesquisa em ciência. Mesmo o financiamento federal para psicologia e pesquisa em ciências sociais nas universidades tem sido constante (US$ 958 milhões de US $16 bilhões) na última década.