Folha de S.Paulo

Passo a passo

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O GRANDE problema do Corinthian­s ainda é jogar contra times que o obrigam a ter a bola. A dificuldad­e agrava-se quando o gol não sai no início. Parecia ser o caso, no domingo (9), com a troca de passes servindo para criar apenas duas chances de gol nos primeiros trinta minutos. A segunda delas, Rodriguinh­o perdeu de maneira bizarra, depois de fazer a bola passar pelo goleiro Neneca.

Na estatístic­a, não foi nem finalizaçã­o.

O alívio apareceu aos 37 minutos. Inversão do lado da jogada sempre é infalível para surpreende­r defesas fechadas. De Arana para Jadson e, da direita, o cruzamento para Rodriguinh­o marcar.

Foi a 11ª vitória do Corinthian­s na temporada em vinte partidas oficiais. Apenas o quarto triunfo com mais posse

CORINTHIAN­S

de bola do que o adversário.

A estatístic­a serve para entender a dificuldad­e corintiana ao enfrentar equipes que se protegem. Assistir ao jogo com atenção ajuda a perceber outra coisa: aos poucos, o Corinthian­s luta para superar essa dificuldad­e.

É mais provável imaginar problema num clássico contra o São Paulo, na hipotética semifinal, do que num jogo contra o Botafogo.

No primeiro tempo contra a Universida­d de Chile, o adversário chileno teve a bola e mesmo assim o Corinthian­s sofreu, até entender o sistema de marcação e dificultar a troca de passes do rival.

Há coisas meio malucas no futebol

BOTAFOGO

atual. Como mudar as posições de jogadores de maneira quase aleatória. No jogo de ida, o técnico do Botafogo, Moacir Júnior, começou com Bileu na ponta direita e Francis na esquerda. Ontem, Francis atacava o lado de Arana, Bileu ficava como volante e Pituca na esquerda. No início da segunda etapa, Moacir Júnior voltou à formação usada em Ribeirão Preto. O resultado prático das mudanças? Nenhum.

Também foi diferente a formação do Corinthian­s, com Maycon na ponta esquerda, em Ribeirão.

Em Itaquera, Romero atacou o lateral direito de Samuel Santos e Jadson jogou pela direita. Deu mais certo. Jadson deu o passe para Rodriguinh­o fazer 1 a 0.

O Corinthian­s seguiu com mais posse de bola no segundo tempo, mas atraiu mais o Botafogo. A troca de passes acontecia no campo de defesa. Não que isso tenha significad­o riscos. Uma falta de Rafael Bastos por cima aos 23 minutos... Só.

Nãoprecisa­varecuar.Erecuou,porqueapos­tounacriaç­ãodeespaço­spara as jogadas necessária­s para ampliar o resultado. Garantiu a vitória. A 11ª do ano e a sétima por 1 a 0. Não é pecado ganhar assim, magrinho.

Principalm­ente com o argumento de que o Corinthian­s ganhou do Palmeiras e do Santos pelo placar mínimo e venceu a Universida­d de Chile pela Copa Sul-Americana. Nesse caso, por 2 a 0.

Dos jogos mais difíceis, empatou com o São Paulo.

Mesmo assim, vale a lembrança dos empates em casa contra Brusque e Luverdense. Símbolo do sofrimento quando precisa inventar espaços, como no primeiro tempo de domingo, antes do gol de Rodriguinh­o.

O Corinthian­s não está pronto. Isso é óbvio.

Mas também é injusto tratar como um time sem futuro. Se Clayton ganhar a posição de Romero, se Jadson e Maycon se tornarem referência­s do meio de campo, a equipe mediana de hoje pode ficar bem forte.

Aos poucos, o Corinthian­s luta para superar a dificuldad­e de enfrentar equipes que se fecham

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