Longa enfoca vida de operários que preparam Copa do Qatar
FOLHA
Dois homens conversam em uma praça com vista para imponentes prédios no Qatar. Relembram mortes de operários ocorridas enquanto trabalhavam em construções. O diálogo, trocado com naturalidade, faz parte de “A Copa dos Trabalhadores”, estreia de Adam Sobel, em competição no “É Tudo Verdade”.
O longa registra o andamento de obras de infraestrutura tocadas em ritmo frenético para a Copa de 2022, quando o país sediará o evento, uma escolha controversa —membros da Fifa teriam vendido seus votos.
No filme, um torneio de futebol é organizado para os trabalhadores de empresas que prestam serviços no país.
Sobel usa a aparente benemerência para revelar a precariedade em que vivem e trabalham os operários, quase todos imigrantes de países como Índia, Nepal e nações africanas como Quênia e Gana.
Além de trabalharem sete dias por semana, mais de 12 horas ao dia, os imigrantes têm o passaporte retido pela contratante. Em campos de trabalho semelhantes aos de refugiados, vivem em regime de semiescravidão.
Mesmo sabendo-se usados, participam do torneio, uma válvula de escape. Mas o futebol que une a torre de babel também gera conflitos, muitos de fundo racial.
O público brasileiro pode ter uma sensibilidade diferente a esse drama. Já vimos esse jogo por aqui, e o resultado é bem pior que um 7 a 1. A COPA DOS TRABALHADORES (THE WORKERS CUP) DIREÇÃO Adam Sobel PRODUÇÃO Reino Unido, 2017, 12 anos QUANDO no Rio hoje, às 22h (Espaço Itaú Botafogo); 25/4, às 19h (Espaço Cultural BNDES); em São Paulo, 21/4, às 18h (Reserva Cultural); 25/4, às 17h (Cinearte) AVALIAÇÃO bom