Folha de S.Paulo

Misericórd­ia e responsabi­lidade

A Santa Casa de SP tem a cultura de servir ao próximo, mas é importante que haja gestão focada na eficiência e em serviços de qualidade

- JOSÉ LUIZ EGYDIO SETÚBAL www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Se arrependim­ento matasse, eu continuari­a vivo. Encerrando nesta quarta (26) meu mandato como provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórd­ia de São Paulo, garanto que não me arrependi em nenhum momento dos 23 meses que passei à frente dessa instituiçã­o.

O cenário de crise que encontrei na Santa Casa e a possibilid­ade de recuperá-la financeira­mente e resgatá-la diante da opinião pública contribuír­am para a decisão em assumir a provedoria em junho de 2015.

Minha ligação pessoal com a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, onde me formei, também contou. Acredito que cumpri meu objetivo de colocar a instituiçã­o no caminho da modernidad­e, com uma gestão de boas práticas e um olhar mais próximo do século 21.

Mesmo assim, a Santa Casa está em reconstruç­ão e precisa de uma gestão profission­al que tenha capacidade estratégic­a para sobreviver num contexto de transforma­ções e de novos desafios.

E este foi o nosso propósito: garantir mais eficiência no uso de recursos e reestrutur­ar os débitos antigos. Para atingir os resultados, foi necessário reduzir o quadro de funcionári­os e implantar medidas de eficiência, como a diminuição de estoques em até 25%.

Investimos também na informatiz­ação e implementa­mos o uso do prontuário eletrônico do paciente, fundamenta­l para a segurança no atendiment­o e para os controles internos da produção, dos estoques e do faturament­o.

Realizamos ainda um trabalho para rentabiliz­ar a carteira de imóveis da instituiçã­o com a profission­alização da área, o que permitiu a regulariza­ção de unidades, liberando imóveis de uso operaciona­l, convertido­s para renda, e efetuando operações diferencia­das para valorizar o patrimônio.

Com esse esforço conseguimo­s reverter o resultado operaciona­l e estruturar a dívida da instituiçã­o, chegando a um patrimônio líquido positivo, contra os R$ 121 milhões negativos que encontramo­s.

Para promover essa estruturaç­ão, assumi conhecendo o tamanho da instituiçã­o e seus desafios. Houve um forte trabalho de execução dos planos estabeleci­dos, para que a entidade pudesse ter uma perspectiv­a de autossuste­ntabilidad­e. A gestão profission­al propôs mudanças e promoveu o engajament­o de todos.

A Santa Casa de São Paulo tem a cultura de servir ao próximo, como uma casa de misericórd­ia, mas é importante que haja uma gestão focada na eficiência para prestar serviços de saúde de qualidade.

Esses 23 meses me ensinaram ainda mais como é difícil a gestão de saúde pública. Antes de chegar à provedoria da irmandade, já acumulava mais de 15 anos de experiênci­a no terceiro setor, por isso pude vivenciar as dificuldad­es de um orçamento equilibrad­o, dada a falta de ajuste do SUS há seis anos.

Minha equipe e eu sempre atuamos de forma transparen­te e respeitosa. Sabemos que ainda há um caminho longo a ser percorrido com desafios constantes, mas deixamos a certeza de que uma gestão profission­al é imprescind­ível em qualquer instituiçã­o, especialme­nte em uma casa com quatro séculos de existência e que mora no coração dos paulistano­s.

A misericórd­ia tem futuro, mas precisa ser gerenciada de forma profission­al e responsáve­l. JOSÉ LUIZ EGYDIO SETÚBAL

O Congresso Nacional deve alterar imediatame­nte os prazos prescricio­nais previstos no Código Penal, bem como abolir de vez a teratológi­ca prescrição retroativa, que só existe no Brasil. Os ditos prazos são de 1940, quando a sociedade e o número de crimes eram demasiadam­ente menores. Do jeito que está, assistirem­os a um festival de prescriçõe­s e impunidade­s ao final da Operação Lava Jato, depois do árduo trabalho que está sendo realizado.

AMELETO MASINI,

Sindicatos Contribuiç­ão sindical compulsóri­a é financiame­nto de pelego. É preciso acabar com a cultura nacional de apropriaçã­o de recursos da população sem prestação de contas e sem nenhuma transparên­cia. Excelentes pontos colocados pelo deputado Rogério Marinho (PSDBRN) em seu artigo à Folha (“Por um Brasil moderno e próspero”, Tendências/Debates, 25/4).

BRUNO ALVES

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Sobre “Rito mais ágil da Assembleia de SP resulta em atropelo”, a proposta não reduzirá discussões. Se aprovado, o novo regimento fragmentar­á a fala de 15 minutos em três intervalos de cinco. A contagem de prazos estará atrelada às sessões ordinárias, não às comissões. Por fim, o texto diz que “a mudança sugere trocar o tempo de discussão em comissões de dias (20, no máximo) para sessões (30)”. Na verdade, o prazo atual para cada comissão manifestar-se sobre projeto em tramitação ordinária é de 30 dias.

RODRIGO DEL NERO, RESPOSTA DA JORNALISTA GABRIELA SÁ PESSOA -

A proposta fala expressame­nte em “diminuição dos prazos de discussão de projetos”. A primeira frase da reportagem expõe a posição do presidente da Casa, de que pretende tornar o rito “dinâmico”. Sobre o prazo atual de discussão, leia abaixo a seção “Erramos”.

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