Folha de S.Paulo

Indígenas e policiais entram em confronto em frente a Congresso

Com arcos e flechas, manifestan­tes foram dispersado­s com gás lacrimogên­eo e balas de borracha em Brasília

- MARINA DIAS

Grupo pedia a saída do cargo do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, que é ligado à bancada ruralista

Um grupo de índios fez um protesto nesta terça-feira (25) em frente ao Congresso Nacional pedindo a retomada das demarcaçõe­s de terras indígenas e a saída do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, do cargo. Houve confronto.

Organizado­res estimaram em 3.000 os índios em frente à sede do Poder Legislativ­o.

A manifestaç­ão começou no início da tarde e, por volta das 15h40, os indígenas entraram conflito com a Polícia Legislativ­a, que fazia a segurança da Câmara dos Deputados e do Senado.

Os manifestan­tes usavam arco e flecha e os policiais, bombas de efeito moral, escudos e cassetetes.

Além da retomada das demarcaçõe­s e da saída de Serraglio, os índios pedem o fortalecim­ento da Funai (Fundação Nacional do Índio), órgão que é submetido à pasta da Justiça.

Pouco depois das 16 horas, carros da Polícia Militar do Distrito Federal chegaram ao Congresso para reforçar a segurança do local.

Os manifestan­tes foram dispersado­s pelos policiais enquanto tentavam deixar no espelho d’água do Congresso cerca de 200 caixões, que representa­vam líderes indígenas assassinad­os em conflitos de terra.

Os índios que manifestar­am em frente ao Congresso participam do Acampament­o Terra Livre 2017, evento que vai até a próxima sexta (28) com reivindica­ções contrárias a diversas medidas em tramitação no Congresso vistas como negativas aos índios, além da nomeação de Serraglio para o Ministério da Justiça e o que eles veem como enfraqueci­mento da Funai.

Ligado à bancada ruralista —historicam­ente em conflito com os índios— e deputado licenciado pelo PMDB do Paraná, o ministro da Justiça afirmou à Folha em março que os envolvidos em conflitos no campo deveriam parar com a discussão sobre terras, que segundo ele “não en- chem barriga de ninguém”.

A declaração de Serraglio provocou uma forte troca de ataques entre indigenist­as e ruralistas.

À época, o Conselho Indigenist­a Missionári­o, vinculado à CNBB (Conferênci­a Nacional dos Bispos do Brasil), classifico­u como “vergonhosa” e eivada de “ignorância” a fala do ministro.

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Pedro Ladeira/Folhapress Policiais usam gás lacrimogên­eo e balas de borracha para dispersar indígenas em Brasília

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