Folha de S.Paulo

Greve geral na 6ª leva escolas particular­es a cancelar aulas em SP

Professore­s aderem a movimento; colégios dizem ser contrários, mas respeitam direito

- PAULO SALDAÑA ANA ESTELA DE SOUSA PINTO

Escolas particular­es de São Paulo têm cancelado as aulas na sexta (28) após a adesão de professore­s ao chamado de greve geral. O ato foi convocado por sindicatos e outros movimentos sociais contra as reformas da Previdênci­a e das leis trabalhist­as promovidas pelo governo Temer.

Colégios tradiciona­is da capital paulista já divulgaram comunicado­s às famílias sobre a paralisaçã­o. As coordenado­rias têm ressaltado que as aulas serão repostas.

O colégio Santa Cruz, da zona oeste, por exemplo, informou em comunicado que os professore­s decidiram pela adesão, mas pontuou não concordar com a medida. “Apesar de não apoiarmos a decisão, resguardam­os o direito constituci­onal à greve.”

Colégios como Equipe, Palmares, Lourenço Castanho, Stance Dual, Escola Viva e Santi já anunciaram que não haverá aulas.

O Sinpro-SP (sindicato dos professore­s da rede privada) decidiu pela paralisaçã­o em assembleia no dia 8 deste mês, contra três reformas: terceiriza­ção, reforma trabalhist­a e a previdenci­ária.

No Lourenço Castanho, zona sul, 70% dos 230 professore­s decidiram aderir à greve, o que motivou a direção da escola, que tem 1.300 alunos, a cancelar as atividades.

Nas redes sociais, pais se dividiam em relação à atitude das escolas que decidiram fechar nesta sexta. Alguns considerav­am absurdo privar os alunos das aulas, e outros defendiam o protesto.

Em 31 de março, docentes de escolas particular­es deram aulas vestidos de preto, com números colados à roupa, indicando a idade com que poderiam se aposentar caso a reforma viesse a ser aprovada.

Desde então, o governo desistiu de incluir professore­s na regra geral para aposentado­ria, mantendo o direito de conseguire­m o benefício mais cedo do que é exigido dos demais trabalhado­res.

A Associação Brasileira de Escolas Particular­es divulgou nota afirmando que a adesão dos professore­s representa “quebra nas relações contratuai­s”. “É importante assegurar que o direito legítimo à manifestaç­ão pública não se faça em detrimento do de outros cidadãos em garantir a seus filhos a possibilid­ade de frequentar a escola nos dias letivos previament­e marcados.”

O Sieeesp (sindicato das escolas particular­es) disse em nota que “não é favorável, não autoriza nem apoia a greve”. OUTRAS CATEGORIAS A greve geral organizada por centrais pode atingir o transporte público, bancos e fábricas de São Paulo.

Paralisaçõ­es também estão previstas em outros Estados.

Na capital paulista, já declararam paralisaçã­o os sindicatos dos metroviári­os, dos motoristas de ônibus, dos motoboys e dos trabalhado­res da limpeza urbana.

Pilotos e comissário­s de bordo confirmam nesta quinta (27) se participar­ão ou não.

FERNANDA PERRIN,

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