Discussão sobre plágio pode ter lado educativo
“Assim como as pessoas aprendem a driblar a tecnologia, é possível aperfeiçoar a tecnologia para reconhecer essas táticas”, diz Dona.
Ele afirma que metade dos trabalhos acadêmicos que passam pela plataforma contém mais de 50% de conteúdo não original.
Segundo a pró-reitora de pós-graduação e pesquisa da Universidade Mackenzie Helena Pereira, esses checadores de plágio oferecem uma segurança jurídica para as instituições privadas.
Segundo ela, no Mackenzie houve reprovações de mestrandos e doutorandos e até demissão de docentes por causa da cópia de textos.
Nas instituições públicas, o cenário é mais complicado, afirma o professor da UnB Hermes França. “Punir o aluno em casos de plágio é muito difícil. Se o professor não tiver o caso bem documentado, é ele quem acaba sendo processado e punido”, afirma.
Outro problema citado por França são as represálias a docentes que denunciam desvios éticos dos colegas.
Os escritórios de integridade científica, munidos de ferramentas de análise, podem ser uma solução, diz Pereira, já que, nesses casos, haveria uma “despersonalização” de quem checa a originalidade.
DE SÃO PAULO
Quando alguém comete uma fraude acadêmica, a preocupação muitas vezes é a de evitar a punição, e não a de evitar prejudicar outro pesquisador ou a própria ciência. O grande desafio das instituições é elaborar estratégias para mudar essa cultura que, segundo especialistas, impera no país.
A adoção de plataformas antiplágio pode ter também um caráter educativo —quando os “índices de semelhança” são compartilhados com os alunos de graduação e pós-graduação e são usados para aperfeiçoar o processo de produção de texto.
Segundo o professor de filosofia da USP Luiz Henrique Santos, a meta é tornar o pesquisador ainda mais consciente de que a ciência é uma construção coletiva e que só faz sentido fazê-la se for algo verdadeiro e potencialmente duradouro. (GA)
Só haverá mudança quando as instituições tiverem uma política de educação quanto ao plágio